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Ibrahim Boubacar Keïta reeleito Presidente do Mali

AFP | EFE | Lusa | ms | vct
16 de agosto de 2018

Ibrahim Boubacar Keïta foi eleito para um novo mandato de cinco anos com 67,17% dos votos na segunda volta das presidenciais, segundo os resultados oficiais. Opositor Soumaïla Cissé obteve 32,83% dos votos.

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Ibrahim Boubacar Keïta toma posse a 4 de setembroFoto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

A taxa de participação na segunda volta das presidenciais de domingo (12.08) foi de 34,54%, ainda mais baixa que na primeira volta, realizada a 29 de julho, que tinha alcançado os 43%, anunciou esta quinta-feira (16.08) na televisão pública maliana o ministro da Administração Territorial, Mohamed Ag Erlaf.

Ibrahim Boubacar Keïta, conhecido como IBK, entra em funções a 4 de setembro e tem como principal desafio relançar o acordo de paz assinado em 2015 com a ex-rebelião tuaregue.

Considerado favorito nestas eleições, Keïta, de 73 anos, foi alvo de críticas por não ter conseguido reduzir a onda de violência jihadista e étnica no Mali. Os ataques extremistas alastraram-se até ao centro do país, onde estão presentes o grupo jihadista Estado Islâmico e militantes ligados à Al-Qaeda.

"Nunca nos enganámos. Sempre dissemos que Ibrahim Boubacar Keïta era o candidato do povo do Mali. Na primeira volta, ele ganhou em todas as regiões do Mali, fora e dentro do distrito de Bamako. (…) Este plebiscito foi claro e expressa o desejo claro dos eleitores do Mali”, afirmou Bacary Treta, gestor de campanha do Presidente.

Porträt - Soumaila Cisse
Soumaïla Cissé rejeita resultados eleitoraisFoto: Getty Images/I. Sanogo

Ibrahim Boubacar Keïta tinha obtido 41% dos votos na primeira volta realizada a 29 de julho, contra 17% de Cissé. Foi a primeira vez na história do país que  um Presidente cessante foi forçado a ir a uma segunda ronda das presidenciais. Os resultados das presidenciais deverão ser ainda aprovados pelo Tribunal Cosntitucional até 22 de Agosto.

Oposição reclama vitória

A oposição acusou Ibrahim Boubacar Keïta de fraude eleitoral. Antes da divulgação oficial, o candidato Soumaïla Cissé, de 68 anos, já tinha rejeitado os resultados das eleições de domingo num encontro com os seus apoiantes, na sede do partido, em Bamako, capital do Mali. 

"Rejeitamos, desde já, os resultados", declarou o opositor de IBK. "Apelo a todos os malianos para que se levantem. Não aceitamos a ditadura da fraude", declarou o ex-ministro das Finanças.

"A fraude está provada, é por isso que há resultados que não vamos aceitar", justificou Soumaïla Cissé, que obteve 17,78% dos votos na primeira volta, contra 42% de Ibrahim Boubacar Keïta.

Cissé recusa-se a aceitar um Presidente eleito desta forma. "Não seremos o cordeiro sacrificado. Não aceitamos que o nosso país seja construído sobre fraude, através de compra de consciências e métodos policiais e não aceitamos que um Presidente seja eleito por fraude", declarou.

"Continuaremos a denunciá-lo e a utilizar todos os métodos possíveis para que a verdade seja estabelecida", acrescentou Cissé, que já tinha perdido a segunda volta das presidenciais em 2013 frente a IBK.

O responsável da campanha de Cissé, Tiébile Dramé,  indicou aos jornalistas que irá "recorrer ao Tribunal Constitucional para anular os resultados fraudulentos" de certas regiões.

Ibrahim Boubacar Keïta reeleito Presidente do Mali

Apelo da comunidade internacional

A comunidade internacional observa com atenção estas presidenciais, num país que se confronta com a ameaça jihadista, apesar de cinco anos de intervenções militares internacionais. Observadores da União Europeia (UE) detetaram algumas irregularidades, mas consideram que não houve fraude eleitoral.

“Posso confirmar que os nossos observadores não viram fraude, mas testemunharam irregularidades processuais, por exemplo, resultados que não foram afixados fora das assembleias de voto em mais de um terço das assembleias que observamos. E em 14% dos locais, o segredo de voto esteve em causa devido a posicionamento menos adequado das urnas”, afirmou Cecile Kyenge, chefe da missão da UE.  

Os observadores também relataram vários incidentes de violência no dia da votação. Em Arkodia, sudoeste de Timbuktu, o presidente da assembleia de voto foi morto a tiro por homens armados, que também espancaram outras quatro pessoas. Várias assembleias de voto também foram queimadas. Segundo o Centro de Observação de Cidadãos das Eleições no Mali, no norte e centro do país, mais de 50 assembleias de voto fecharam antes do meio-dia por causa de ameaças de extremistas.

Tanto a UE como os Estados Unidos pediram a todos os participantes que manifestem "de forma pacífica" qualquer eventual recurso dos resultados e que respeitem os "canais legais e institucionais" para expressar qualquer desacordo.