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Mondlane: "O regime declarou guerra ao povo moçambicano"

22 de outubro de 2024

Venâncio Mondlane anuncia greve nacional a 24 e 25 de outubro, prometendo 25 dias de "terror" contra o regime. Convoca a oposição para unir-se à revolução e afirma que chegou a hora de colocar a FRELIMO de joelhos.

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Marcha de apoiantes do partido PODEMOS em Nampula, Moçambique
Mondlane diz que agora "há uma atmosfera favorável para a revolução e é abertura das portas da revolução em Moçambique"Foto: PODEMOS

O candidato presidencial moçambicano, Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, anunciou uma nova fase de manifestações e greve nacional, após os violentos protestos de segunda-feira.

Numa transmissão ao vivo realizada na manhã desta terça-feira (22.10), através da sua página oficial no Facebook, Mondlane afirmou que agora há uma atmosfera favorável para uma revolução no país, prometendo uma escalada nos protestos.

"O regime declarou guerra"

Num momento de grande tensão política em Moçambique, Mondlane denunciou que a sua residência foi cercada por agentes que descreveu como pertencentes ao "esquadrão da morte". O candidato, actualmente em local incerto, reafirmou o seu compromisso com a resistência popular: "O regime da FRELIMO declarou guerra ao povo moçambicano", disse, acrescentando que "a FRELIMO passou dos limites".

Mondlane também destacou que jornalistas locais e internacionais foram feridos pela polícia durante os protestos. "Eles disparam balas directamente para as pessoas, o que pode causar danos muito graves. Estão a brincar com o povo", disse Mondlane, numa crítica aberta à repressão violenta das forças de segurança.

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"Roteiro revolucionário"

Mondlane revelou que os protestos continuarão nos dias 24 e 25 de Outubro, coincidindo com o anúncio dos resultados eleitorais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). As manifestações serão descentralizadas, ocorrendo em todos os distritos e bairros do país, para evitar uma forte intervenção policial. "Não haverá blindados suficientes para cobrir todos os bairros", afirmou Mondlane, apelando para uma mobilização massiva: "Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para nos manifestarmos por todo o país."

O líder da oposição também sublinhou a importância de manter os protestos pacíficos, apesar da violência policial, apelando tanto ao sector público como ao privado para aderirem à paralisação nacional. "Estamos a decretar a abertura das portas da revolução em Moçambique", declarou.

Mondlane reiterou a necessidade de continuar com a resistência, caso as reivindicações populares não sejam atendidas. "A partir do dia 24, vamos subir a fasquia. Vamos paralisar o país por dois dias, paralisar todo o trabalho, e desta vez, a manifestação será em todos os distritos", anunciou. "Chegou a altura deste regime acabar", concluiu o candidato presidencial, prometendo que esta é apenas a segunda etapa do "roteiro revolucionário" que pretende implementar.

Venâncio Mondlane promete quatro estágios de protestos, com a possibilidade de intensificação caso o governo não responda às exigências da população. "Se for para morrer em combate, eu irei", afirmou Mondlane, encerrando o seu discurso com palavras de firmeza e determinação.

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Convite à oposição

Venâncio Mondlane aproveitou ainda para convocar toda a oposição moçambicana a unir forças na luta contra o regime da FRELIMO. Dirigindo-se especificamente a Ossufo Momade, da RENAMO, e Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Mondlane exortou: "Esqueçam as desavenças e juntem-se à causa nacional."

Mondlane também destacou que, apesar das ameaças à sua vida, não abandonará a luta: "Estou em perigo de vida, mas sei que, mesmo que eu morra, a minha causa não vai morrer", frisou Mondlane.

Agradecimentos internacionais

Durante a sua declaração, Mondlane fez questão de agradecer o apoio recebido de vários sectores, incluindo a juventude angolana e o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior. O candidato também expressou a sua gratidão às nações que têm demonstrado solidariedade com Moçambique, como a ONU, e às diásporas angolana, guineense e cabo-verdiana.

Avisos à polícia e à FRELIMO

Mondlane deixou um aviso claro às forças de segurança: "Se a polícia continuar a disparar contra os manifestantes, o povo vai responder." Ele reforçou ainda a sua intenção de manter as ações de protesto e anunciou que uma grande paralisação nacional ocorrerá no dia em que a CNE divulgar os resultados eleitorais: "Vamos dar à CNE um grande presente no dia do anúncio dos resultados", afirmou.

Mondlane encerrou o seu discurso com um apelo à acção imediata para derrubar o atual Governo: "Chegou a hora de colocar a FRELIMO de joelhos."

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