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Uhuru Kenyatta é eleito presidente do Quénia

9 de março de 2013

Alvo de processo no Tribunal Penal Internacional, novo presidente (c.) recebeu 50,07% dos votos, contra 43,31% de Raila Odinga (2º). Este denunciou "irregularidades massivas" e quer anulação do pleito na Corte Suprema.

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O presidente eleito do Quénia, Uhuru Kenyatta
O presidente eleito do Quénia, Uhuru KenyattaFoto: Reuters

Após uma longa semana no Quénia, seguida das eleições gerais realizadas na última segunda-feira (04.03), a população em todo o país do leste africano esperava ansiosa pelos resultados. Várias vezes, a comissão eleitoral adiou a divulgação dos números.

Neste sábado (09.03), finalmente ficou claro quem vai governar o Quénia pelos próximos cinco anos: Uhuru Kenyatta. Com 50,07% dos votos, Kenyatta por pouco não foi a um segundo turno numa eleição que teve participação recorde: 85,9%.

Desde o início da contagem de votos, Kenyatta esteve na frente, seguido do atual primeiro-ministro, Raila Odinga. Mas a apuração demorou a confirmar a vantagem de Kenyatta. "Os votos deveriam ser transmitidos eletronicamente", disse o observador eleitoral queniano Zakari Mbugwa, em entrevista à DW África. "Mas houve muitas discrepâncias. Por isso, tivemos que ter paciência até que os votos fossem todos contados manualmente", explicou.

Dúvidas sobre o resultado

O primeiro-ministro queniano e candidato presidencial Raila Odinga diz que vai contestar resultados na Justiça
O primeiro-ministro queniano e candidato presidencial Raila Odinga diz que vai contestar resultados na JustiçaFoto: Getty Images/AFP

Apesar dos atrasos e dos problemas técnicos, os observadores nacionais e internacionais concordam que tanto as eleições quanto a contagem aconteceram sem atritos e de forma ordenada. O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano, diretor da comissão de observadores eleitorais da União Africana no Quénia elogiou, no dia da eleição (04.03), em entrevista à DW África, a "boa cooperação" entre os diferentes observadores eleitorais.

Por outro lado, políticos da Coligação para a Reforma e a Democracia (CORD) do segundo colocado, Raila Odinga, demonstraram insatisfação. Logo depois da divulgação dos resultados provisórios, a agremiação anunciou que quer contestar os números na Justiça.

Já na última quinta-feira (07.03), a CORD tentou em vão impedir a contagem dos resultados. Mas a coligação não questionou os resultados das eleições para o Senado – onde a CORD tem maioria.

Processo no Tribunal Penal Internacional

A vitória de Uhuru Kenyatta, cujo último cargo no Quénia foi o de vice-primeiro-ministro, não é surpresa, segundo analistas. Durante muito tempo, Kenyatta foi – juntamente com Raila Odinga – favorito na disputa pelo cargo mais alto do país, ocupado atualmente por Mwai Kibaki.

Mas Uhuru Kenyatta, cujo pai, Jomo Kenyatta, governou o Quénia entre 1963 e 1978 como primeiro presidente do país, traz uma dívida para a Presidência: é alvo de um processo contra ele no Tribunal Penal Internacional (TPI). Depois das violências pós-eleitorais de 2007, durante as quais cerca de 1.200 pessoas morreram depois da contestação dos resultados também por Raila Odinga – Uhuru Kenyatta teria participado do planejamento de assassinatos, estupros e deslocamento forçado de centenas de milhares de quenianos.

Uhuru Kenyatta (centro) comemora vitória nas eleições; ele e o futuro vice-presidente William Ruto (2º da esquerda) são alvo de processo internacional
Uhuru Kenyatta (centro) comemora vitória nas eleições; ele e o futuro vice-presidente William Ruto (2º da esquerda) são alvo de processo internacionalFoto: Reuters

Naquela altura, a derrota de Odinga também foi por poucos votos, enquanto Uhuru Kenyatta ficou do lado de Mwai Kibaki.

É a primeira vez que um político é eleito presidente enquanto corre contra ele um processo internacional, a ser iniciado a 09.07 e que poderá durar até dois anos. Segundo o observador político Yusuf Abubakar, "isso mostra a grande confiança dos quenianos em Uhuru Kenyatta".

Durante a campanha eleitoral, Kenyatta deixou claro que queria cooperar com o TPI em Haia, na Holanda. Mas o novo presidente não poderá descartar sanções internacionais contra o Quénia. "Uhuru Kenyatta ainda não demonstrou falta de vontade de cooperar com a comunidade internacional", recordou o observador Abubakar, em entrevista à DW África.

O processo, no entanto, poderá dificultar a execução do cargo de Presidente por Kenyatta, já que ele precisa estar presente nas negociações em Haia. Também o futuro vice-presidente do Quénia, William Ruto, é alvo de acusação do TPI. O caso de Ruto deverá ser tratado a partir de 28.05.

Autor: Philipp Sandner/RK/rtr/afp
Edição: Renate Krieger

Residente de Kiberia e apoiador de Raila Odinga em 2007, durante violências que acabaram na morte de 1.200 pessoas
Residente de Kiberia e apoiador de Raila Odinga em 2007, durante violências que acabaram na morte de 1.200 pessoasFoto: Getty Images
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