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Raila Odinga contesta resultados das presidenciais no Quénia

7 de março de 2013

A candidatura de Raila Odinga, atual primeiro-ministro queniano, pede a suspensão da contagem dos votos, alegando fraudes no apuramento dos resultados parciais das presidenciais, que dão vantagem ao rival Uhuru Kenyatta.

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Raila Odinga é um dos favoritos nas presidenciais de 2013 no Quénia
Raila Odinga é um dos favoritos nas presidenciais de 2013 no QuéniaFoto: Reuters

O candidato a "número dois" de Odinga e vice-presidente cessante, Kalonzo Musyoka, chegou a mesmo a afirmar que a sua candidatura tem provas de que os resultados das eleições foram falsificados. Em alguns casos, "o total de votos contados é superior ao número de votantes registados“, precisou.

O advogado queniano Bob Mkangi considera que ainda não é altura para reclamações deste tipo. “Uma investigação mais profunda, caso haja necessidade, deveria ser feita depois de comissão dar a conhecer os seus resultados. Agora deve esperar-se tanto dos políticos como da população que se mantenham calmos”, defende.

Apelos à calma repetem-se

Kalonzo Musyoka, candidato a número dois de Raila Odinga
Kalonzo Musyoka, candidato a "número dois" de Raila OdingaFoto: Reuters

Apesar das críticas contra o trabalho da comissão eleitoral queniana, Kalonzo Musyoka também apela à calma por parte da população e sublinha que as acusações feitas "não são uma chamada para uma ação em massa”.

Em 2007, as eleições no Quénia resultaram num banho de sangue que fez cerca de 1.300 mortos e 300 mil deslocados. Nas eleições desta segunda-feira (04.03) houve mais de 20 mortes e os apelos à calma repetem-se, já que são muitas as queixas sobre a falta de informação aos eleitores.

O advogado Bob Mkangi também justifica o ambiente de desconfiança em relação à exatidão dos resultados eleitorais com a falta de transparência da comissão eleitoral. “O que incomoda a população atualmente é o facto de não ter recebido informação suficiente. Isso resulta em rumores. Este desenvolvimento não é o apropriado para o momento”, explica. Se a comissão eleitoral melhorar a sua política de comunicação, o advogado não vê motivos para a população não aceitar os resultados.

Raila Odinga contesta resultados das presidenciais no Quénia

Votos nulos geram discórdia

A questão da contagem dos votos nulos, que nesta eleição representam mais de 5% dos votos expressos, é outro motivo de discórdia. A comissão eleitoral afirmou que, de acordo com a Constituição do país, os votos nulos contam para o número total de votos.

A Coligação Jubileu, o partido do candidato presidencial Uhuru Kenyatta; atual vice-primeiro-ministro, é contra a inclusão dos votos nulos na contabilidade eleitoral, considerando que isso seria "sinistro e suspeito".

Em resposta às acusações contra a Comissão Eleitoral Independente, o presidente do organismo, Issack Hassan, disse que “a comissão assegura aos quenianos o controlo rigoroso e não deixa espaço para qualquer tipo de manipulação dos resultados”. Garantiu também que “se algum membro da comissão contribuir para a falsificação dos resultados terá de assumir as consequências.”

A Comissão Eleitoral Independente tem um prazo de sete dias a partir da data do escrutínio para publicar os resultados e prometeu divulgá-los na sexta-feira (08.03).

De acordo com a mais recente atualização, divulgada ao final da manhã desta quinta-feira (07.03), Raila Odinga tinha 2 milhões de votos, contra 2,7 milhões do rival Uhuru Kenyatta, que está indiciado por crimes contra a humanidade. Falta, no entanto, contar alguns círculos eleitorais, incluindo vários que são tradicionalmente favoráveis ao atual primeiro-ministro.

Autora: Carla Fernandes
Edição: Madalena Sampaio/Renate Krieger

Avarias no sistema eletrónico obrigaram a contar votos à mão
Avarias no sistema eletrónico obrigaram a contar votos à mãoFoto: REUTERS
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