Eleitores da Guiné-Conacri foram às urnas
18 de outubro de 2020Cerca de 5,4 milhões de eleitores foram às urnas na Guiné-Conacri neste domingo para escolher o próximo Presidente do país, em eleições já marcadas pela contestação à recandidatura de Alpha Condé, e pela morte de dezenas de manifestantes. A votação segue meses de agitação política.
No primeiro turno deste domingo (18.10), Condé enfrenta o principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo, e outros dez candidatos.
A polícia esteve em força na capital do país, Conakry, após confrontos entre apoiadores rivais nos últimos dias, mas a votação decorreu em clima de calma.
O ministro da Segurança, Albert Damantang Camara, disse à agência de notícias AFP que "não houve grandes incidentes", embora seu ministério tenha dito que "hooligans" atacaram as forças de segurança na capital.
Em entrevista coletiva, o candidato de oposição, Diallo, pediu a seus partidários que "mostrassem contenção". "Não tenho dúvidas sobre o resultado da eleição, por isso não quero que a violência atrapalhe a votação e prejudique minha vitória", disse ele, acrescentando que acha que Condé pode, no entanto, "trapacear".
Primeiro Presidente eleito
Alpha Condé foi o primeiro Presidente eleito democraticamente em 2010 após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conacri, tendo sido reeleito em 2015 para um segundo mandato. O Presidente cessante, agora com 82 anos, tenta um terceiro mandato.
Durante um referendo em março, que foi muito contestado, fez aprovar uma nova Constituição e de seguida considerou, com os seus apoiantes, que o novo texto lhe permitia voltar a concorrer ao escrutínio.
Para os adversários, este foi um "golpe de Estado constitucional".
De acordo com a Amnistia Internacional, entre outubro de 2019 e julho de 2020, pelo menos 50 pessoas foram mortas pelas forças de segurança nos protestos contra Alpha Condé. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e muitas foram detidas arbitrariamente.
Mais de 90 pessoas mortas
O movimento de oposição Frente Nacional para a Defesa da Constituição estima que 92 pessoas foram mortas desde junho de 2019, mas o Governo contesta estes números.
As eleições presidenciais contaram com a presença de 25 observadores enviados pela União Africana (UA).
A missão foi liderada pelo ex-primeiro-ministro da República Democrática do Congo (RDC), Augustin Matata Ponyo, e entre os 25 observadores encontram-se embaixadores acreditados junto da União Africana (UA), parlamentares pan-africanos, representantes de órgãos de gestão eleitoral, organizações da sociedade civil e instituições académicas africanas.
O objetivo da missão é fazer uma "avaliação imparcial das eleições presidenciais de 18 de outubro na Guiné-Conacri, incluindo o nível de cumprimento das normas para eleições democráticas", bem como fazer recomendações para a melhoria dos futuros processos eleitorais no país.