Angola: Malária continua a matar na "sombra" da Covid-19
8 de maio de 2020Os dois primeiros casos do novo coronavírus em Angola foram registados a 21 de março deste ano. Até agora, o país já confirmou mais de três dezenas de casos e duas mortes provocadas pela Covid-19.
Ao mesmo tempo, a malária, principal causa de morte em Angola, continua a fazer centenas de vítimas mortais. Só na província angolana da Huíla, a região mais afetada, mais de 450 pessoas morreram no primeiro trimestre deste ano.
As autoridades sanitárias locais garantem estar atentas ao aumento dos casos da doença.
"Discutimos, amplamente, como é que podemos melhorar a qualidade da abordagem. Então, estou muito confiante. Penso que será ultrapassado com brevidade", afirmou a diretora provincial de Saúde, Luciana Guimarães, em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA).
Outras regiões de Angola também registam centenas de mortes por malária, em milhares de casos diagnosticados.
Pico da malária
Em entrevista à DW África, o médico Maurílio Luiele lembra que o pico da doença em Angola ocorre por esta altura do ano, devido ao volume da chuvas, que favorece a proliferação de mosquitos transmissores da malária.
"O aumento de casos de malária nesta época é perfeitamente esperado. Esta é a altura do pico sazonal da malária."
Dados divulgados em 2018 pelas autoridades sanitárias angolanas indicam que mais de 2,5 milhões de casos de malária foram registados naquele ano. O Governo anunciou, entretanto, que pretende acabar com a malária até 2030.
Não esquecer malária, apesar da Covid-19
O médico Maurílio Luiele diz ter notado que, com a chegada ao país da pandemia do coronavírus, a atenção em relação a outras doenças diminuiu.
"O foco foi totalmente voltado para a Covid-19. O problema é este. Eu penso que é preciso manter algum equilibrio, e isto é perfeitamente possível."
O especialista reconhece, no entanto, a importância que se dá às ações na luta contra a Covid-19.
"A atenção voltada para Covid-19 justifica-se, tendo em conta a rápida propagação e a dimensão geográfica que a pandemia assumiu. Para se inverter o quadro atual, é preciso que o Governo e a população adotem as medidas de prevenção necessárias contra a malária", apela o médico.
Maurílio Luiele acrescenta ainda que é necessário melhorar o saneamento básico, com "ações de fumigação e ações diretas das famílias e dos indivíduos, como o uso dos mosquiteiros, repelentes e inseticidas."