Covid-19 não tira foco na luta contra malária em Moçambique
25 de abril de 2020As autoridades sanitárias de Moçambique alertam para que não se deixe de lado a luta contra a malária, apesar da pandemia do novo coronavírus também estar a afetar o país.
O Ministério da Saúde moçambicano diz que a malária continua a ser a principal causa de mortes em Moçambique e a aposta é continuar a reduzir ao máximo os casos da doença.
Nos primeiros três meses deste ano, morreram pouco mais de 200 pessoas vítimas da malária, contra mais de 250 óbitos em igual período do ano passado.
"Reduzimos os casos de malária grave que estiveram de baixa em unidades sanitárias deste país, em 12%, e registamos 19.593 casos de malária grave nos hospitais, contra 22.590 do ano passado", explica o chefe do Programa Nacional de Combate à Malária, Baltazar Candrinho.
Agora que o país está a enfrentar a pandemia da Covid-19, Baltazar Candrinho sublinha que todos os que tiverem sintomas de malária devem dirigir-se ao hospital para tratamento.
"A malária e a Covid-19 têm a semelhança num dos sintomas, que é a febre. Se num país ondea malária não é endémica, como na Europa ou na Ásia, pode-se dizer que tem febre, ficar em casa e receber tratamento, porque pode ser Covid-19. Mas, num país como o nosso, não podemos dizer às pessoas que têm febre para não procurar cuidados de saúde", sublinha Baltazar Candrinho.
Uso da cloroquina
O Programa Nacional de Luta contra a Malária diz ter medicamentos e testes suficientes para combater a doença em Moçambique.
Baltazar Candrinho lembra que os medicamentos em uso para combater a malária não são os mesmos para a aliviar a Covid-19. A cloroquina está a ser usada para combater o novo coronavírus – em alguns países com bons resultados, mas noutros não.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não existem evidências científicas definitivas de que a cloroquina seja, de facto, eficaz no tratamento da Covid-19.
"Moçambique usou a cloroquina há muito anos e parou de usar, porque houve níveis elevados de resistência. Foi por isso que mudamos para outros derivados. Mas a hidroxicloroquina é boa e tem algum efeito para a Covid-19 em alguns países e noutros não", explica.
"Significa que pode ser utilizado para a Covid-19 e não haverá nenhuma interferência no medicamento que tratamos para malária", acrescenta.
A diretora nacional de saúde pública de Moçambique, Rosa Marlene, disse que o novo coronavírus alterou toda a programação de consultas, mas não tirou o foco na luta contra outras doenças, como a malária.
"Queremos que as pessoas tenham a informação sobre o seu dia da consulta e saibam exatamente a que horas. Portanto, teremos vários grupos: um primeiro de 20 pessoas que é atendida das 8h às 9h; o segundo grupo será atendido das 9h às 10h e o terceiro, das 10h às 11h e assim sucessivamente", afirmou.