Trump tenta impedir publicação de livro sobre Casa Branca
4 de janeiro de 2018O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta impedir o lançamento de um livro sobre seu primeiro ano de governo. Seu advogado pediu formalmente nesta quinta-feira (04/01) o cancelamento imediato da publicação e da divulgação da obra, que retrata a Casa Branca do republicano como um lugar caótico e o apresenta como imaturo.
O advogado Charles Harder pediu ao autor de Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e fúria: por dentro da Casa Branca de Trump), o jornalista Michael Wolff, e à editora Henry Holt, que desistam da publicação.
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"Estamos investigando vários comentários falsos e sem fundamento feitos por Wolff sobre Trump", afirmou Harder. Na mensagem enviada ao escritor, o advogado alerta que avalia a possibilidade de entrar com ações contra o livro. Entre as alegações citadas, estão as de que há invasão de privacidade e difamações contra o presidente e sua família.
Harder também disse que é possível provar que a intenção de Wolff é maliciosa. "O livro admite na introdução que contém declarações não verdadeiras e não cita nenhuma fonte para muitas de suas informações danosas sobre Trump", destaca.
Em resposta às ameaças, a editora Henry Holt adiantou o lançamento do livro, que seria publicado somente em 9 de janeiro, para esta sexta-feira.
Declarações polêmicas
A publicação ganhou a atenção da mídia e enfureceu o presidente, após trechos terem sido divulgados na quarta-feira. Em uma das passagens, o livro afirma que o objetivo de Trump não era vencer as eleições presidenciais, mas sim potencializar suas marcas.
A obra, baseada em 200 entrevistas, entre elas com o presidente americano e pessoas ligadas ao republicano no governo, inclui declarações polêmicas feitas pelo ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon. Numa delas, Bannon relata o encontro do filho mais velho de Trump com uma advogada ligada ao Kremlin durante a campanha eleitoral como "antipatriótico" e "um ato de traição".
Em outro momento do livro, o ex-estrategista disse que o candidato republicano não esperava ganhar as eleições presidenciais de 2016, em que concorreu contra a democrata Hillary Clinton. Trump e família teriam ficado chocados e assustados com o resultado.
Os advogados de Trump enviaram também uma carta a Bannon com a ordem de que ele pare de dar declarações depreciativas sobre Trump e sua família. Bannon teria sido acusado de quebrar um compromisso de confidencialidade assinado quando começou a trabalhar na campanha do republicano.
Grande homem
Depois da divulgação de trechos do livro, Bannon assumiu uma postura mais branda. Em entrevista à emissora de rádio do site ultranacionalista de notícias Breitbart na quarta-feira, o ex-estrategista afirmou que Trump é "um grande homem" e que "nunca nada se colocará" entre ele e o presidente.
A divulgação de trechos do livro, no entanto, levou Trump a fazer duras críticas contra Bannon. O presidente chegou a afirmar que o ex-estrategista perdeu o juízo após ter sido demitido do governo. Bannon deixou seu cargo na Casa Branca em agosto, quando retornou ao Breitbart e assumiu várias posições em desacordo com a administração de Trump.
Em entrevista coletiva no Salão Oval, Trump foi questionado nesta quinta-feira se considerava que Bannon tinha lhe traído. "Não sei. Ontem à noite ele me chamou de 'um grande homem', portanto obviamente mudou de atitude bastante rápido", acrescentou. Logo em seguida, o presidente ressaltou que já não tem mais contato com Bannon. "Não falo com ele", assegurou.
CN/efe/afp/rtr
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