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Títulos alemães consagram-se nas paradas

Ralf Kennel/rw10 de fevereiro de 2005

Há muito tempo que não apareciam tantas interpretações em alemão nas paradas de sucesso do país. Há acusações de nacionalismo nessa tendência, impulsionada pelos grupos de hip-hop.

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Eva Briegel, vocalista da banda JuliFoto: dpa

O mercado de música em língua materna está em franca expansão na Alemanha. Da última vez que um fenômeno semelhante foi registrado, já faz 20 anos. Naquela época, o renascimento das canções alemãs se deu na voz de Nena, por exemplo, e ficou conhecido como a Neue Deutsche Welle (nova onda alemã).

Hoje, as influências desta tendência podem ser ouvidas nas interpretações da banda Wir sind Helden, se bem que o canto falado da vocalista Judit Holofernes lembre muito o rap alemão.

Wir sind Helden
Integrantes do Wir sind HeldenFoto: dpa

O grupo berlinense havia participado de um curso de música pop na Universidade de Hamburgo, onde foi acusado de adaptar em seus títulos trechos de sons famosos na década de 80. Em resposta, gravou seu primeiro álbum, Die Reklamation (A Reclamação), festejado tanto pela crítica como pela grande comunidade de fãs e que já vendeu meio milhão de exemplares.

Tendência vem dos grupos de hip-hop

Parecida foi a trajetória da banda Juli, formada na cidade alemã de Giessen. Até dois anos atrás, a vocalista Eva Briegel ainda compunha em inglês, sem grande sucesso. A aceitação junto ao público cresceu só depois do lançamento de Perfekte Welle (Onda Perfeita, que, aliás, deixou de ser tocada em público depois do maremoto na Ásia) e Geile Zeit (pode-se traduzir por Época Formidável, se bem que aí não está expressa toda a sensualidade da palavra alemã geil).

Embora no início estivesse contrariada com o pedido de sua banda de rock para que compusesse canções em alemão, a enorme aceitação dos novos títulos fez Eva mudar de idéia.

Os iniciadores desta nova tendência foram grupos alemães de hip-hop, como o Die Fantastischen Vier, Fettes Brot ou Freundeskreis. Seus jogos de palavras e rimas inteligentes despertaram um grande interesse entre os jovens e chegaram a servir de material pedagógico aos professores de alemão nas salas de aula.

Um grande sucesso também é a banda Söhne Mannheims. O rapper Max Herre, da banda Freundeskreis, é o letrista mais conhecido atualmente no país. O enfoque social e político de suas canções deve-se, segundo ele, ao que aprendeu com seus pais e de outros letristas. No ano passado, lançou em Stuttgart seu primeiro álbum solo.

Discussão sobre cotas

Diante do grande sucesso das bandas que cantam em alemão, parece supérflua a polêmica em torno de uma cota mínima de títulos na língua materna a serem tocados pelas emissoras de rádio. Justamente quando os políticos começaram a ser interessar por essa discussão, durante a feira de música Popkomm em Berlim, em setembro passado, havia oito títulos alemães entre os dez primeiros na parada nacional de sucessos.

Mieze mit Band der Berliner Band Mia Fotograf H. Flug
Mieze, vocalista, com sua banda Mia, ao fundoFoto: H. Flug

No final do ano passado, o Parlamento em Berlim propôs às rádios que incluam em sua programação musical, pelo menos 35% de títulos pop e rock alemães ou produzidos na Alemanha. A iniciativa, entretanto, favorece apenas um movimento nacionalista, acredita Jan Müller, baixo do Tocotronic, de Hamburgo, que pretende contrapor o tema com seu atual sucesso Aber hier leben, nein danke (Mas viver aqui, não, obrigado).

Embora as músicas cantadas em alemão estejam fazendo tanto sucesso, para a maioria das bandas não se trata de um novo nacionalismo. Não se pode considerar um fenômeno o fato de o grupo Mia aparecer em palco com uma bandeira nas cores da Alemanha, pois a inglesa Oasis ou outras bandas britpop também se mostram publicamente com suas cores nacionais, sem que sejam acusadas de nacionalismo exagerado.