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Brasil no Conselho de Segurança

Júlia Dias Carneiro22 de dezembro de 2008

Na abertura da Cúpula Brasil-União Européia, o presidente Nicolas Sarkozy defende a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e diz que o país tem o dever de atuar ao lado da UE.

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Lula e Sarkozy no Rio: discurso afinado contra a crise econômica mundialFoto: AP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, se sentaram lado a lado no palco do Salão Cristal do Copacabana Palace para louvar a importância das relações entre o Brasil e o bloco europeu, na abertura da 2ª Cúpula Brasil-União Européia, que definiu um plano de ações estratégicas entre os dois lados.

E os discursos também estavam alinhados. Os dois líderes europeus seguiram os passos do presidente Lula, que declarou que, diante da atual crise financeira global, "finalmente chegou a hora da política".

"Quando acontece uma crise como essa, não tem um banco ou empresário no mundo que não se volte para a figura do Estado e pergunte: o que faremos agora?", afirmou Lula, argumentando que o Estado deve ter força e garantir investimentos na economia real.

Sarkozy in Brasilien
Sarkozy: novas regras para um novo séculoFoto: AP

A argumentação encontrou apoio nos discursos dos europeus. "Queremos estar juntos com o Brasil para a reformulação do sistema financeiro global", disse Durão Barroso. "E, como o presidente Lula, acreditamos que a situação exige um esforço sobre a economia real. Não basta olhar para o problema do sistema financeiro. Estamos numa situação nova e temos que resistir a voltar com as soluções do passado para a economia do futuro."

Também Sarkozy falou em novos passos para o futuro. "2008 vai entrar para a história como o ano em que o mundo entrou no século 21. E, no século 21, não podemos usar as regras do século 20", disse ele, frisando não querer um mundo de especuladores, mas de empresários de fato.

Conselho de Segurança e Amazônia

Sarkozy arrancou aplausos da platéia de empresários europeus e brasileiros ao defender a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. "Lula e eu não pertencemos ao mesmo continente, mas nos entendemos. Ele fala e faz sentido. Há tanta gente que fala para não dizer nada. Eu sou sincero quando digo que precisamos do presidente Lula como membro permanente do Conselho de Segurança e para preservar o equilíbrio ambiental do planeta."

Foi a deixa para o presidente francês tocar no calo do presidente Lula, ressaltando a importância da preservação da Floresta Amazônica, "um patrimônio da humanidade que fica muito perto da França". Ele explicou: "Durão Barroso pode falar português, mas a França tem até uma fronteira com o Brasil", disse Sarkozy, referindo-se à Guiana Francesa.

Biocombustíveis

Nicolas Sarkozy mit Brasiliens Präsident Luiz Inacio Lula da Silva
'Lula e eu nos entendemos', diz SarkozyFoto: AP

Parcerias nos esforços para frear as mudanças climáticas também foram um tema recorrente na abertura da cúpula. Durão Barroso falou sobre o plano de metas acordado entre os 27 países-membros da União Européia para diminuir as emissões de gases do efeito estufa. E de como ele terá repercussão para o Brasil: "Na União Européia, decidimos agora que os biocombustíveis serão um elemento importante do pacote de energia e clima que aprovamos na semana passada".

Barroso, que definiu o pacote como "o mais ambicioso aprovado até agora por qualquer país ou conjunto de países", disse que o plano depende da ajuda de países em desenvolvimento para dar certo. No caso do Brasil, isso significa notadamente esforços para conter o desmatamento e desenvolver tecnologias de biocombustíveis. "É importante que trabalhemos conjuntamente nos biocombustíveis para estabelecer critérios de sustentabilidade comuns e reconhecimento mútuo dos regimes de biocombustíveis."

Barroso disse que o banco de investimentos da União Européia está trabalhando com o BNDES para negociar um empréstimo de 400 milhões de euros para serem investidos no setor.

Rodada de Doha

Diante da crise financeira mundial, Barroso ressaltou a importância de retomar as fracassadas negociações da Rodada de Doha. Os países não devem cair no erro de se fechar sobre si e adotar medidas protecionistas, o que já deu errado no passado, disse ele. E o estabelecimento de mercados livres também está no item das conversas entre Brasil e União Européia.

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Barroso (d): biocombustíveis do BrasilFoto: AP

"Estamos abertos a um acordo de associação com o Mercosul se esta for a vontade e a ambição dos diferentes países que integram o Mercosul", disse Durão Barroso.

Acordo militar com a França

O encontro de cúpula foi precedido pelo 2º Encontro Empresarial Brasil-União Européia. Empresários brasileiros e europeus lançaram um comunicado com exigências para impulsionar o setor diante da crise, pedindo, por exemplo, a redução de obstáculos para investimentos bilaterais e medidas para facilitar o comércio internacional. No encerramento, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou os termos de um acordo militar fixado com a França.

O acordo prevê transferência de tecnologia militar da França para o Brasil com a construção, no Rio de Janeiro, de 50 helicópteros e cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um nuclear. Um estaleiro deverá ser instalado na capital fluminense para a montagem do equipamento. A previsão é que o acordo dure 20 anos. Somente os helicópteros custarão 1,899 bilhão de euros ao Brasil.

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