Prevenção à Aids cai entre jovens alemães
26 de agosto de 2004A ministra alemã da Saúde, Ulla Schmidt, voltou a apelar à população alemã: a prevenção contra o vírus da Aids não pode diminuir. "Cerca de 22 milhões já morreram vítimas da doença desde as primeiras infecções há 20 anos", alertou Schmidt. "Talvez a situação fique ainda mais clara, se lembrarmos que hoje 40 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus HIV e que, a cada minuto, dez novas infecções são registradas em todo o mundo".
Schmidt chamou especial atenção para os países do Leste europeu, onde o vírus HIV vem se espalhando com rapidez preocupante: a região vizinha já possui, segundo dados apresentados pela ministra, a maior taxa de crescimento do mundo, superando até a África.
Atualmente existem na Alemanha cerca de 43 mil portadores do vírus HIV, dos quais 5 mil apresentam os sintomas da Aids. A boa notícia é que o número de novas infecções – dois mil novos casos foram registrados – não cresceu em relação ao ano anterior.
Jovens preocupam-se cada vez menos
Especialmente os mais jovens precisam ser mais cuidadosos, explicou a ministra, citando dados do estudo Aids na consciência pública, divulgado anualmente desde 1987. "No último ano, apenas 78% dos entrevistados com menos de 45 anos que vivem sozinhos e mantêm relações com vários parceiros admitiram ter usado preservativo em situações consideradas de risco. Entre os que tiveram relações sexuais com parceiros desconhecidos durante as férias, esse número cai para 73%".
Além disso, o estudo constatou lacunas no esclarecimento da doença entre a camada jovem da população alemã. Cerca de 16% dos jovens, por exemplo, acredita que a Aids seja identificável pela aparência externa, o que vem causando um aumento da parcela de jovens entre os recém-infectados – 25% deles são menores de 25 anos.
Uma "bomba-relógio"
Para Bernhard Bieniek, porta-voz da iniciativa HIV em diálogo, a maneira como os jovens lidam hoje com a doença assemelha "uma bomba-relógio": "O explosivo nisso tudo é que os jovens são exatamente aqueles que cresceram em uma época na qual eram constantemente bombardeados com campanhas de prevenção", lembra. Para ele, isso é uma prova de que há algo errado na forma de comunicação com os jovens. "Precisamos encontrar uma forma mais adequada", disse.
A situação é especialmente crítica nos Estados do Leste alemão, onde há muitos jovens infectados. Um motivo para isso pode ser a ausência de informação durante a década de 80, quando ainda viviam sob um regime ditatorial. Além disso, imigrantes representam hoje outro grupo de risco na Alemanha, ao qual novas campanhas de conscientização e prevenção terão de dedicar-se daqui pra frente.
Hoje em dia, o governo alemão investe 9 milhões de euros em campanhas de prevenção. E cortes não estão previstos.