Liu foi "lutador corajoso pelos direitos civis", diz Merkel
13 de julho de 2017Políticos estrangeiros, entidades internacionais e grupos de direitos humanos lamentaram a morte, nesta quinta-feira (13/07), do dissidente chinês Liu Xiaobo, aos 61 anos. Prêmio Nobel da Paz, ele sofria de um câncer no fígado e estava preso desde 2009, quando fora condenado por "subversão".
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A chanceler federal alemã, Angela Merkel, descreveu Liu Xiaobo como um "lutador corajoso em defesa dos direitos civis e da liberdade de expressão" e transmitiu à família do ativista suas "sinceras condolências".
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que o chinês "só queria o melhor para o seu país e continuará inesquecível".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também expressou suas condolências nesta quinta-feira, afirmando estar "profundamente entristecido" com a morte de Liu Xiaobo.
Para a organização Human Rights Watch (HRW), a morte do ativista "mostra a crueldade" do governo da China em relação aos defensores pacíficos dos direitos humanos e da democracia.
"Mesmo quando Liu Xiaobo piorou, o governo chinês continuou isolando ele e sua família e negou-lhe a possibilidade de escolher livremente seu tratamento médico", disse Sophie Richardson, diretora da HRW na China. O dissidente estava internado num hospital na cidade de Shenyang, tendo as autoridades negado os apelos para que ele fosse tratado no exterior.
"A arrogância, crueldade e insensibilidade do governo chinês são chocantes, mas a luta de Liu por uma China respeitadora dos direitos humanos e democrática continuará", adiantou Richardson.
A organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova York instou as autoridades chinesas a "libertar imediatamente e sem condições" a mulher do dissidente, Liu Xia, detida em prisão domiciliar, e a permitir-lhe "plena liberdade de movimentos, inclusive para abandonar o país se desejar".
Já o Comitê do Nobel, que distinguiu Liu Xiaobo com o Nobel da Paz em 2010, acusou o governo da China de ter "uma pesada responsabilidade na morte prematura" do dissidente chinês ao privá-lo do tratamento médico apropriado.
"Consideramos profundamente perturbador que Liu Xiaobo não tenha sido transferido para instalações onde pudesse receber tratamento médico adequado antes de a doença entrar na fase terminal", diz um comunicado divulgado na página na internet do Nobel.
"Na nossa perspectiva, ele não cometeu nenhum crime, limitou-se a exercer os seus direitos de cidadão. O seu julgamento e prisão foram injustos", afirmou o comitê, manifestando "gratidão a Liu Xiaobo pelos seus esforços monumentais e enorme sacrifício pelo progresso da democracia e dos direitos humanos".
Proeminentes ativistas pró-democracia e outros manifestantes se reuniram no prédio onde fica o escritório de representação do governo central chinês em Hong Kong para lamentar a morte do prisioneiro político mais famoso da China e reiterar o pedido de que a viúva dele seja libertada.
Fotos de Liu Xiaobo e cartazes com os dizeres "Liu Xia Livre" foram colocados num altar improvisado, enquanto pessoas gritavam palavras de ordem e assinavam um livro de condolências.
Diferente do que aconteceu em território chinês, onde os meios de comunicação inteiramente controlados pelo Estado foram proibidos de mencionar o nome dele, Liu se tornou uma figura proeminente dentro do movimento pró-democracia em Hong Kong após sua prisão em 2009 e ao ganhar o Prêmio Nobel da Paz no ano seguinte.
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