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Igualdade social ganha relevância na campanha eleitoral

Anja Fähnle (sv)13 de setembro de 2013

Abismo entre ricos e pobres aumenta no país e justiça social passa a ser tema abordado por todos os partidos políticos. Quem ignora o assunto perde na preferência do eleitorado.

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Foto: picture-alliance/dpa

"O tema justiça social é para mim mera propaganda eleitoral, porque nada vai mudar de qualquer forma. Os ricos vão continuar ricos e os pobres continuam pobres", diz uma aposentada de 77 anos. Seu marido, de 80 anos, acentua que a igualdade social é algo defendido por todas pessoas e todos os partidos. "Para mim, isso significa que toda pessoa deveria poder viver de seu trabalho", completa.

O conceito de igualdade social tem muitos lados e cada pessoa entende uma coisa diferente, afirma Michael Sommer, do Instituto de Pesquisa de Opinião de Allensbach, na Alemanha. Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto no começo do ano, a maioria da população alemã compreende o termo justiça social como equivalente à igualdade de oportunidades entre as pessoas.

"Ou seja, a situação em que cada pessoa, independente de sua origem social e seu gênero, tenha as mesmas chances no mercado de trabalho e em termos de educação. Depois disso vêm os quesitos da igualdade familiar e de eficiência", completa Sommer. E somente no fim é que é mencionada uma divisão igualitária de benefícios sociais, explica o pesquisador.

O cientista político Frank Nullmeier, da Universidade de Bremen, analisa há anos a conduta dos partidos políticos alemães frente a questões clássicas como a igualdade social. Ele tem uma explicação simples para o fato de o assunto ter obtido tanta relevância nesta campanha eleitoral. "São as consequências um pouco tardias da crise financeira de 2008 e da crise monetária da União Europeia", observa o especialista.

Ou seja, segundo ele, hoje em dia não é mais possível se esquivar de temas ligados "aos efeitos sociais do mercado. As discrepâncias de patrimônio entre as pessoas na Alemanha e também nos outros países são tamanhas, que os partidos são obrigados a tomar uma posição a respeito", completa Nullmeier.

A vertente social da CDU

Para a ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen, a igualdade social é "um tema primordial da CDU". A política da União Democrata Cristã defende em seu partido a introdução de um salário mínimo no país. Segundo o cientista político Nullmeier, a facção democrata-cristã foi, nos anos 1950 e 1960, um partido em defesa do Estado social, com alas que sempre se empenharam por uma política mais social. Estas alas, de acordo com ele, "recobraram influência. E a ministra Von der Leyen é uma pessoa que incorpora essa tendência social dentro da CDU", conclui o analista.

Symbolbild - Schere zwischen Arm und Reich
Cresce abismo entre pobres e ricos no paísFoto: picture-alliance/dpa

Originalmente, o tema da igualdade social sempre foi um dos pontos centrais do Partido Social Democrata (SPD). "Somos os únicos capazes de selar uma aliança entre fracos e fortes. E queremos acabar com o abismo entre ricos e pobres", declarou o político social-democrata Thomas Oppermann em entrevista ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung.

No entanto, as reformas dos sistemas social e do mercado de trabalho, levadas a cabo pelo governo do social-democrata sob a liderança de Gerhard Schröder em coligação com o Partido Verde ainda ecoam negativamente na memória do eleitor. "Eles quebraram a força da promessa de maior igualdade social no país e não se sabe hoje se o SPD vai dar de novo uma guinada. Ou se haverá algum acordo entre a chamada Agenda 2010 e um retorno à exigência de uma justiça social. Isso enfraquece o partido", diz Nullmeier.

"Nós sabemos o que é igualdade social"

Os verdes, por seu lado, têm em sua plataforma de governo a luta por maior igualdade social. Entre os quesitos defendidos, como salienta o candidato Jürgen Trittin, está a introdução de um salário mínimo de 8,50 euros por hora e um apoio estatal mais sólido para desempregados de longo prazo. "Sabemos como funciona a igualdade social", diz com convicção a líder da bancada verde no Parlamento, Renate Künast.

Já o Partido Liberal Democrata tem outras prioridades: "Precisamos de mais igualdade de oportunidades e níveis de eficiência, sem mais encargos para a classe média. Um país é justo quando a ascensão pessoal se dá através da educação e não depende do bolso dos pais", declara o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, membro do partido, em entrevista ao jornal Bild.

Prof. Dr. Frank Nullmeier, Professor für Politikwissenschaft an der Universität Bremen
Frank NullmeierFoto: privat

O partido A Esquerda, por outro lado, move sua campanha sob o lema "100% social". Eles defendem maior igualdade social através de impostos, aposentadorias e ajuda a desempregados. Segundo Katja Kipping, copresidente do partido, os esquerdistas empenham-se em prol de justiça social através de impostos, aposentadorias e ajuda a desempregados.

"As lacunas da igualdade social aumentaram nos últimos anos"

De acordo com o Instituto de Pesquisa de Opinião Allensbach , quase 70% da população alemã estão convencidos de que as relações entre as classes sociais na Alemanha não são justas e que o abismo entre pobres e riscos aumentou nos últimos anos.

Mais de 63% dos cidadãos responsabilizam os políticos por isso. "O resultado dessa pesquisa é que os políticos precisam considerar os resultados desta pesquisa em suas plataformas e realmente implementar as mudanças", conclui Michael Sommmer do Instituto Allensbach.