Reformas em Mianmar
13 de janeiro de 2012O governo de Mianmar anunciou a libertação de proeminentes presos políticos, entre eles, dissidentes condenados a dezenas de anos de prisão, declararam ativistas de direitos humanos nesta sexta-feira (13/01). Entre os libertados está, por exemplo, Min Ko Naing, um dos coiniciadores dos protestos reprimidos violentamente pela junta militar em 1988, e o monge Gambira, que conduziu os levantes de 2007.
A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, falou de um "sinal positivo". No total, foram anistiados 651 detentos, que em sua maioria não estavam presos por razões políticas. A líder oposicionista birmanesa, de 65 anos, foi libertada em novembro do ano passado após 15 anos de cárcere e prisão domiciliar.
Desde março de 2011, Mianmar possui um governo civil, composto em grande parte por ex-militares. Após 50 anos de ditadura militar, o novo governo anunciou reformas democráticas. Birmaneses exilados calculam que ainda existam no país centenas de detidos por motivos políticos.
Elogios de políticos e ativistas
Ativistas de direitos humanos saudaram a decisão do governo birmanês. "Aparentemente, os diversos anos de pressão da comunidade internacional levaram a que o governo, finalmente, fizesse a coisa certa", elogiou Elaine Pearson, da ONG de direitos humanos Human Rights Watch. Agora o governo birmanês deve garantir que os libertados participem livremente da vida pública e das eleições parlamentares de 1° de abril, reivindicam. Suu Kyi já anunciou sua candidatura.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, saudou a decisão do governo birmanês, disse o porta-voz do governo em Berlim, Steffen Seibert, afirmando que Merkel teria tido diversos contatos com Suu Kyi e que apoiaria "essa mulher corajosa".
Após a libertação das centenas de prisioneiros em Mianmar, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, cogitou um fim das sanções contra o país do sul asiático, caso as reformas sejam levadas a cabo, com a inclusão da oposição, da sociedade civil e das minorias. "Agora é o caso de consolidar o processo de abertura social e democratização de Mianmar de forma sustentável e irreversível", declarou.
Mianmar e Birmânia
Em abril de 2011, a União Europeia prorrogou em um ano as sanções impostas a Mianmar pela primeira vez em 1990. Trata-se sobretudo de fornecimento de material bélico e da importação de outros bens, do congelamento de contas bancárias e da proibição de entrada no bloco europeu de altos funcionários do regime, mencionados nominalmente.
Mianmar é um dos países mais pobres do planeta. O regime militar, que estava no poder desde 1962, desmantelou a economia da nação antes considerada o celeiro do sul asiático. Para 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) do país está calculado em 36,5 bilhões de dólares (27,5 bilhões de euros). Mianmar exporta principalmente gás natural, madeira e produtos agrícolas.
O governo civil instaurado em março do ano passado enfrenta vários problemas. O Estado formado por diversas etnias foi palco, durante décadas, de revoltas de grupos separatistas.
Oficialmente, o país se chama República da União de Mianmar. No entanto, muitos governos preferem continuar usando o antigo nome Birmânia ou Burma, já que a nova denominação foi estipulada por um governo não eleito pelo povo.
CA/epd/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer