Finlândia na presidência da UE: que país é esse?
21 de junho de 2006Durante a presidência finlandesa do Conselho da União Européia, sucedendo a Áustria a partir de 1º de julho deste ano, o fornecimento energético europeu assumirá um papel central, afirmou a presidente do país, Tarja Halonen, por ocasião do Dia da Indústria Alemã, em Berlim na última terça-feira (20/06).
Quanto ao tipo de fonte energética, isto caberá a cada país, comentou Halonen em alusão à ampliação da energia atômica em seu país, onde está sendo construído por três bilhões de euros o maior e mais moderno reator nuclear do mundo.
A Alemanha, que assumirá a presidência do Conselho da UE em janeiro de 2007, espera uma estreita cooperação com a Finlândia, afirmou a chanceler federal alemã em Berlim. Merkel espera da presidência finlandesa da UE uma forte concentração em Ciência e Pesquisa.
Dois em um
Segundo Halonen, a presidência finlandesa e alemã do Conselho da UE devem compor uma unidade. Um fato muito importante para o sucesso da União em temas revelantes como o projeto de ampliação, a Constituição e a questão energética.
Ambas políticas elogiaram a criação da joint-venture no setor de equipamentos telefônicos entre a Siemens alemã e a Nokia finlandesa, a empresa será a terceira maior do mundo no setor de infra-estruturas para telecomunicação. Merkel considerou o anúncio de criação da joint-venture, anunciado na última segunda-feira (19/06), como um "presente".
Halonen considera a fusão como um sinal da tradicional boa amizade entre os dois países. De fato, desde que os estudantes finlandeses tiraram o primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cada vez mais os alemães se interessam pelo país dos lagos e das saunas.
Sobre a Finlândia, DW-WORLD entrevistou Cita Högnabba, conselheira para imprensa e cultura da embaixada da Finlândia em Berlim, cuja função na embaixada é relatar sobre o seu país
O gol de placa foi a entrada na UE
A história do sucesso finlandês começou com a entrada do país na União Européia em 1995, explica Cita. Segundo a Transparência Internacional, praticamente não existe corrupção na Finlândia. A produtividade, o crescimento da economia e a estabilidade de preços estão acima da média dos 15 tradicionais países pertencentes à União Européia. O Fórum Econômico Mundial classificou a Finlândia como o país mais competitivo do mundo.
"Tudo isto é fruto das reformas durante os anos de 1990", comenta Cita. Com o esfacelamento da União Soviética, nós perdemos o nosso principal parceiro econômico e caímos em uma recessão. O desemprego subiu a 18% e o Produto Interno Bruto caiu em 27%. "A Finlândia não teve tempo para vacilar", acrescenta a conselheira. "A difícil situação forçou a sociedade a difíceis decisões". Os gastos sociais foram encurtados e a crise passou. A Finlândia tornou-se um país modelo.
País modelo, mas não país perfeito
A Finlândia está na mira da crítica internacional pelo fato de estar construindo, no oeste do país, o Olkiluoto 3, o primeiro reator nuclear europeu a ser construído após a catástrofe de Tchernobil. O país justifica a construção do reator como forma de se tornar independente do fornecimento de petróleo e gás natural da Rússia.
A relação entre a União Européia e a Rússia também deverá ser um dos principais temas da presidência finlandesa do Conselho da União Européia. Ocupados pela Rússia até 1917, os finlandeses são bastante suspeitos em relação ao vizinho, o que possivelmente influenciará sua atuação durante a presidência da UE.
Cita Högnabba comenta ainda que não existe país da maravilhas. Como em muitos países industrializadas, os finlandeses sofrem com o envelhecimento da população e com os altíssimos impostos.
Os planos para a presidência da UE serão divulgados pelo primeiro ministro Matti Vanhanen, nesta semana, no Parlamento finlandês. Um deles já foi divulgado na página de internet da presidência do Conselho: a divulgação da cozinha finlandesa. O que parece óbvio, os finlandeses vêem como um desafio, afirma Cita Högnabba.