Fiat Chrysler e Peugeot Citroën anunciam fusão
31 de outubro de 2019O grupo francês PSA, proprietário das marcas Peugeot, Citroën e Opel, e a montadora ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles (FCA) anunciaram nesta quinta-feira (31/10) ter acordado "por unanimidade" uma "fusão das atividades dos dois grupos" para criar uma nova entidade com sede na Holanda.
"Os acionistas dos dois grupos passariam a deter, respectivamente, 50% do capital da nova entidade e, portanto, iriam dividir igualmente os lucros dessa fusão", informaram as montadoras em comunicado conjunto.
O acordo definitivo poderá ser fechado "nas próximas semanas", especificaram as empresas em comunicado. Com 8,7 milhões de veículos vendidos por ano, a nova entidade se tornaria a quarta maior montadora do mundo, depois de Volkswagen, Renault-Nissan-Mitsubishi e Toyota.
O conselho de administração será composto por 11 membros, nomeados pela Fiat-Chrysler e pelo PSA, também conhecido como PSA Peugeot Citroën. A fusão entre os dois grupos de montadoras será feita sem o fechamento de fábricas, garantiram as duas sociedades em sua nota conjunta.
O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, saudou o início das negociações entre os dois grupos, mas prometeu que o Estado, acionista em 12% do PSA, vai continuar "particularmente vigilante" sobre o impacto na indústria francesa.
O CEO da FCA, John Elkann, e o diretor-executivo do PSA, Carlos Tavares, vão manter suas respectivas posições na nova entidade incorporada, que deverá alcançar sinergias anuais no valor de 3,7 bilhões de euros (16,5 bilhões de reais), informaram as empresas.
Os principais acionistas da PSA são o Dongfeng Motor Group, da China, a família Peugeot e o banco de investimentos Bpifrance. A FCA, com as marcas Jeep, Ram, Dodge, Alfa Romeo e Maserati, é controlada pela família Agnelli, fundadora da Fiat e que concluiu sua fusão com a Chrysler em 2014.
Há muito que a FCA procura mais parceiros para dividir investimentos dispendiosos em novas tecnologias, algo absolutamente necessário numa indústria que rapidamente evolui em direção a veículos híbridos e elétricos.
Sob o comando de Sergio Marchionne, falecido em 2018, a FCA conteve esses investimentos, e a empresa agora oferece produtos antiquados como SUVs a gasolina e caminhões RAM.
Segundo o professor Ferdinand Dudenhoeffer, do Centro de Pesquisa automotiva da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, a FCA precisava rapidamente de um acordo.
"A FCA não tem tempo, está numa situação muito difícil, porque eles não têm veículos elétricos e apenas tecnologia antiga. Eles precisam urgentemente de um parceiro", disse o especialista.
Para a PSA, a fusão poderá permitir que retorne ao mercado americano graças ao Dodge e Jeep de seu parceiro, enquanto a FCA consolida suas posições na Europa, onde está perdendo força.
Dudenhoeffer apontou que Tavares seria um "dirigente forte", capaz de resolver os problemas da Fiat na Europa, ainda que à custa de "duros cortes de postos de trabalho", como no caso da Opel.
CA/dpa/lusa/afp
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