Ex-premiê do Paquistão indica irmão como substituto
29 de julho de 2017Após renunciar em meio a um escândalo de corrupção, o ex-primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif indicou neste sábado (29/07) seu irmão, Shahbaz Sharif, para substituí-lo no cargo. Enquanto a indicação não for aprovada pelo parlamento, o ex-ministro e aliado do ex-premiê, Shahid Khaqan Abassi, foi nomeado para assumir o governo interinamente.
O anúncio foi feito após uma reunião de lideranças do partido de Sharif, a Liga Muçulmana do Paquistão (PMLN). "Escolho Shehbaz Sharif como meu sucessor, mas levará tempo para que ele possa ser nomeado. Elejo então Shahid Khaqan Abassi como interino por um período de dois meses", disse o ex-premiê num discurso transmitido pelas emissoras locais.
Shahbaz Sharif é atualmente governador da província de Punyab, a maior do país, e não pode assumir o cargo de primeiro-ministro sem ter uma cadeira no parlamento. Para isso, ele deve renunciar a sua atual posição e enfrentar uma eleição parcial para obter uma cadeira no Parlamento e, somente depois, pode ser aprovado pelos pares como premiê.
Esse processo levará cerca de 45 dias, período em que o país será governado por Abassi, de 58 anos. O indicado já assumiu diversos cargos no gabinete, o mais recente foi no comando do Ministério do Petróleo.
Nawaz Sharif renunciou ontem após ter sido desabilitado pelo Tribunal Supremo. A decisão da corte foi tomada no âmbito de investigações sobre o envolvimento da família de Sharif no escândalo Panama Papers, que denunciou a existência de empresas em paraísos fiscais, mantidas por várias personalidades da política, do entretenimento e do esporte de todo o mundo. O premiê negou que tenha cometido irregularidades.
Durante o discurso neste sábado, Sharif afirmou não entender a decisão do Supremo e disse estar com a consciência tranquila.
O caso contra Sharif e sua família começou em 2016, quando documentos vazados de um escritório de advocacia no Panamá indicaram que os filhos do ex-primeiro-ministro detinham várias empresas no paraíso fiscal. Um filho dele, Hussain Nawaz, admitiu na época ser proprietário das empresas, mas insistiu que o dinheiro utilizado para operá-las era lícito. Investigadores concluíram, porém, que há grande disparidade entre o patrimônio declarado pela família Sharif e suas fontes de renda.
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