Coragem do povo iraquiano impressiona europeus
31 de janeiro de 2005"Curvo-me diante da coragem do povo iraquiano, que, em condições de perigo de vida, deu um passo decisivo em direção ao Estado de direito. Este é um sinal importante também para os preparativos para a Constituição." A declaração de Jean Asselborn, ministro do Exterior de Luxemburgo e atual presidente do Conselho da União Européia, contém os elementos que se repetem como um fio-condutor nas reações dos políticos e da imprensa na Europa após a primeira eleição livre no Iraque em cinco décadas.
Grande reconhecimento por um povo que não se deixou intimidar, demonstrando o desejo de tomar nas próprias mãos as rédeas de seu país e de fazê-lo de maneira pacífica e democrática, foi assim que se expressou também o ministro da Alemanha, Joschka Fischer. O político do Partido Verde manifestou ainda, por meio de seu porta-voz Jens Plötner, a esperança de que o "o processo político que se seguirá inclua todos os grupos étnicos e religiosos da população iraquiana".
Governo e oposição em uníssono
Para Gernot Erler, parlamentar social-democrata especializado em política externa, a alta taxa de comparecimento às urnas foi "uma verdadeira demonstração de que o povo quer fazer uso de seus direitos". Isto desperta "a esperança de que o Iraque se torne um lugar seguro no futuro, que os terroristas notem agora que não vão conseguir nada, já que foram irreversivelmente derrotados".
Angela Merkel, presidente do maior partido da oposição, a União Democrata Cristã, vê na eleição "um sinal claro em prol da liberdade e da democracia, uma demonstração da coragem do povo iraquiano". O que a impressionou em especial, acrescentou Merkel, foi o orgulho com que a população – sobretudo as mulheres – fez uso de seu direito de voto.
Imprensa comenta
Praticamente todos os jornais alemães dedicaram seus artigos de fundo na edição desta segunda-feira (31/01) ao pleito no Iraque, que foi, segundo o Süddeutsche Zeitung, uma espécie de dança entre a alegria e a morte. "No norte e no sul as pessoas acorreram admiravelmente decididas aos locais de votação. Mas, antes dos votos, contaram-se os mortos. Bombas em Bagdá e Basra, ataques e batalhas em muitas partes do país – a democracia esteve sob forte tiroteio. Os rebeldes, porém, não atingiram sua meta de impossibilitar a eleição. E esta boa notícia se deve a cada um dos iraquianos que foram votar arriscando a própria vida."
"O principal resultado já é conhecido: a eleição realizou-se, abrindo assim, a despeito de todas as imitações, o caminho para um processo político que, o mais tardar até fins de 2006, promete ao Iraque plena soberania", afirma o General-Anzeiger. Os terroristas certamente continuarão propagando o medo e o horror, prossegue o diário publicado em Bonn, mas não conseguirão mais passar por cima da vontade da grande maioria, que nada mais deseja, a não ser a paz e a autodeterminação".