Copom eleva taxa Selic para 13,75% ao ano
4 de agosto de 2022Em meio aos impactos da guerra na Ucrânia e o risco de recessão nos Estados Unidos, com reflexos sobre a economia global, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o aperto da política monetária e anunciou nesta quarta-feira (03/08) a elevação da taxa Selic, que define os juros básicos da economia, de 13,25% para 13,75% ao ano.
A Selic está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também era de 13,75% ao ano. Esse foi o 12º reajuste consecutivo na taxa. A decisão desta quarta-feira já era esperada por analistas financeiros, e manteve a Selic em um ciclo de alta.
De março a junho do ano passado, o Copom havia elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o Banco Central passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto de dezembro do ano passado até maio deste ano. Na última reunião, em junho, o aumento havia sido de 0,5 ponto percentual.
A alta na taxa de juros acompanha um movimento também feito pelo Banco Central dos Estados Unidos (Fed), que no final de junho aumento a sua taxa de juros pela quarta vez seguida em uma tentativa de desacelerar a maior inflação no país em 40 anos, e pelo Banco Central Europeu, que também em julho promoveu a primeira alta em 11 anos na sua taxa básica de juros.
Controle da inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o indicador fechou em 11,89% no acumulado de 12 meses, no maior nível para o mês desde 2015. A prévia da inflação de agosto começa a mostrar desaceleração por causa da queda do preço da energia e da gasolina.
A taxa atual está bastante acima do teto da meta de inflação. Para 2022, o Conselho Monetário Nacional fixou meta de inflação anual de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2022 em 8,8% no cenário base. A projeção deverá ser revista para baixo por causa das desonerações tributárias sobre a gasolina e o gás de cozinha. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial deverá fechar o ano em 7,15%. No início de junho, as estimativas do mercado chegavam a 9%.
A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação, pois juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1,7% para a economia em 2022. O mercado projeta crescimento um pouco maior. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,97% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
bl (Agência Brasil)