Clichês antigos determinam imagem de americanos sobre alemães
21 de maio de 2002Não é por falta de esforço do governo alemão e das organizações encarregadas de divulgar no exterior a língua e a cultura do país. Nos EUA, os clichês do passado continuam determinando a imagem dos americanos sobre os alemães.
"Na televisão americana, eles adoram passar filmes de guerra, nos quais os alemães são os maus ou os bobos, ou então as duas coisas ao mesmo tempo. E, nas escolas, se é que o tema Alemanha é tratado, predomina o período do nazismo", queixa-se Wolfgang Ischinger, embaixador da Alemanha em Washington.
Cerveja, chucrute, carros velozes e o Holocausto são os conceitos mais recorrentes, quando se pergunta aos americanos o que os faz lembrar da Alemanha. Os que estão melhor informados politicamente citam ainda a reunificação do país.
Mas os alemães são benquistos, ficam em terceiro lugar, depois dos britânicos e dos canadenses. Para Gerald Livingstone, americano especializado em Alemanha, a parceria durante a Guerra Fria contribuiu muito para esta imagem positiva. E, principalmente, a solidariedade ilimitada após os atentados de 11 de setembro.
Só que, desde a tragédia em Nova York e Washington, muitas coisas mudaram. Os alemães criticam cada vez mais abertamente a política antiterror de George W. Bush, como demonstram as manifestações em Berlim por ocasião da visita do presidente dos EUA.
Isto, por sua vez, pode prejudicar a imagem dos alemães naquele país, teme Bernhard May, da Sociedade Alemã de Política Externa. "Lá as pessoas acham de verdade que estão em guerra. Para nós europeus é difícil de entender." Se a televisão americana, em vez dos discursos oficiais, insistir mais nas imagens dos manifestantes, pode surgir com rapidez entre os americanos a idéia dos "europeus ingratos".