Alemanha aguarda discurso histórico de Bush
21 de maio de 2002Segundo fontes do governo alemão, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, apresentará durante sua visita a Berlim um programa abrangente de combate ao terrorismo, que extrapola meras considerações militares. Após os atentados de 11 de setembro acumularam-se as críticas, sobretudo na Europa, de que os EUA se atêm excessivamente às medidas militares.
Durante seu discurso no Bundestag, o Parlamento alemão, programado para a quinta-feira (23), Bush lembrará que a atividade anti-terror também possui aspectos econômicos, humanitários e políticos. Berlim enfatizou que ainda não se sabem de planos concretos dos norte-americanos para um ataque ao Iraque, o qual acusam de desenvolver armas de destruição em massa.
"Queremos conhecer as futuras intenções de Bush", afirmam fontes governamentais alemãs. Eembora prometendo que o chanceler federal, Gerhard Schröder, expressará claramente eventuais reservas aos planos de Washington, elas advertem contra expectativas exageradas quanto à influência da Alemanha sobre Bush.
O discurso de 45 minutos também tratará das bases para as relações transatlânticas. Sua repercussão deverá ultrapassar em muito as fronteiras da Alemanha. Ele já é considerado uma "mensagem histórica", e um evento central da estada seis dias de Bush na Europa.
Dentre os demais temas a serem tratados por Schröder e Bush constam ainda a situação no Afeganistão e no Oriente Médio, assim como a aproximação entre os EUA e a Rússia. Em Moscou, Bush negociará com o presidente Vladimir Putin a redução do número de ogivas nucleares de ambos os países de 6000 para 1700 a 2000.
Prefeito hesitante –
O prefeito da capital alemã, Klaus Wowereit, confirmou sua presença no encontro de quarta-feira à noite entre Bush e Schröder. Trata-se de um jantar informal, num restaurante próximo ao Portal de Brandemburgo. Originalmente, Wowereit – que também é presidente do Bundesrat, a câmara alta do Legislativo alemão – tinha uma viagem à Austrália marcada para o mesmo período. Ele optou por adiá-la possivelmente devido às severas críticas dos partidos de oposição, sobretudo da União Democrata-Cristã (CDU), de direita moderada.