Carros alemães passam os japoneses em confiabilidade
17 de maio de 2004Até há pouco tempo, os carros japoneses eram os mais confiáveis na Alemanha, segundo as tradicionais estatísticas do maior automóvel clube do país, o Adac, líder na prestação de socorro a carros enguiçados. O levantamento de 2003 aponta que os veículos nacionais mais do que recuperaram a diferença. Modelos alemães lideram em quatro das sete categorias como os que menos deixaram seus motoristas na mão.
Para elaborar o ranking, o Adac somou o número de veículos socorridos de cada modelo, fabricados em pelo menos três dos últimos seis anos (1998 a 2003), e dividiu-o pela quantidade de carros registrados daquele modelo em cada um destes anos. Pré-requisito para constar do ranking é que o modelo tenha, em cada ano, pelo menos 10 mil unidades licenciadas.
Dados do Adac são referência para montadoras
As informações são aguardadas todos os anos com ansiedade. Muitas montadoras não escondem que utilizam há anos as estatísticas do Adac para verificar os pontos fracos de seus modelos e providenciar melhorias. A Toyota foi uma das pioneiras. Já nos anos 80 a empresa acertou com o clube o acesso aos detalhes de seus relatórios e comparou-os com as peças de reposição mais vendidas por suas concessionárias no país.
Batata. O cruzamento das informações confirmava que o Adac estava de fato metendo o dedo na ferida. Desde então a Toyota usa os dados como referência em seu trabalho. Resultado: por longo tempo seus modelos constaram como os mais confiáveis. Liderança que agora é dividida com veículos alemães, sobretudo da Mercedes, que apontam avanços na durabilidade.
Quais alemães enguiçam menos
Exemplo claro é a categoria dos carros pequenos (kleine Klasse). A Toyota dominou aqui anos a fio com seu Starlet, já fora de linha. Este ano, a BMW roubou a liderança com seu Mini, lançado em 2001, enquanto o segundo lugar ficou com o Colt, da Mitsubishi. Sucessor do Starlet, o Toyota Yaris surge em terceiro. Com bom desempenho nas estatísticas aparecem ainda o Corsa, da Opel (General Motors), e o Saxo, da Citroën, entre os 21 modelos que integram o ranking dos pequenos.
Na classe média-baixa (untere Mittelklasse), os alemães agora também estão na frente, com o Audi A2 e o Classe A da Mercedes. O ex-líder Corolla, da Toyota, caiu para a quarta colocação, atrás ainda do Honda Civic, mas os dois japoneses ainda estão entre os merecedores de confiança. Aliás, segundo o Adac, os motoristas de 12 dos 20 modelos desta categoria raramente precisam da ajuda de suas equipes de socorro.
Os alemães também dominam nas categorias média-alta/superior (obere Mittel-/Oberklasse) e esportivos. Na primeira, o Audi A6/S6 e os Mercedes Classe S e E deram pouca dor de cabeça aos usuários, enquanto na segunda o Mercedes SLK desponta de longe como o mais confiável.
Japoneses ainda dominam três segmentos
Aos japoneses coube desta vez a liderança somente nas outras três categorias. Os Toyota permanecem os menos problemáticos entre os carros médios (Mittelklasse), com o Avensis, e os utilitários esportivos, com o RAV-4. Em ambas, os Mercedes CLK e ML, respectivamente, ficam em segundo lugar.
No segmento de vans, o Nissan Almera Trio é o campeão de credibilidade. Um status não desfrutado pelos demais modelos desta montadora japonesa. Neles a incidência de problemas cresceu nos fabricados mais recentemente, ou seja, após a incorporação da empresa pela Renault. Os carros da montadora francesa, aliás, seguem sendo clientes assíduos dos mecânicos do Adac, assim como os da Fiat, Alfa Romeo e Skoda.
As principais causas das panes
No ano passado, as equipes de "anjos amarelos" atenderam um número recorde de chamadas: 3,7 milhões. Somente no dia 9 de janeiro de 2003 foram 20.549. Em 83% dos casos, os socorristas do automóvel clube ou de serviços de parceiros resolveram os problemas no próprio local.
A origem das panes costuma estar na parte elétrica (35,9%). Mas também danos, deficiências e defeitos relacionados à ignição (13,4%) e ao motor (10,1%) deixam com freqüência os motoristas a pé na Alemanha.
Entretanto, é consolador verificar que, segundo o Adac, já em 2002 a freqüência de enguiços foi sete vezes menor do que em 1978, quando o automóvel clube começou a publicar suas estatísticas.