DaimlerChrysler abre mão de participação na Hyundai
12 de maio de 2004Duas semanas atrás, a DaimlerChrysler decidiu não participar de uma injeção bilionária de capital para sanear a Mitsubishi. A montadora alemã, porém, manteve sua participação de 37% na japonesa. Agora, resolveu vender, "no devido momento", sua participação de 10,5% na Hyundai sul-coreana, conforme anunciou em Stuttgart, nesta quarta-feira (12), Eckard Cordes, diretor da Divisão de Utilitários e responsável pelos negócios na Ásia.
"A DaimlerChrysler e a Hyundai Motors chegaram a um acordo para reestruturar sua aliança estratégica e melhor implementar seus respectivos objetivos", diz a nota oficial. Que a cooperação entre ambas não vinha funcionando bem, não era nenhum segredo.
Aliança de utilitários fracassou
No futuro, as duas montadoras continuarão cooperando somente em projetos específicos. Comprarão peças em conjunto, por exemplo. Mas isso também diz respeito ao desenvolvimento e produção de um "motor mundial de quatro cilindros" para automóveis a gasolina, projeto que inclui ainda a Mitsubishi.
Mas o principal fracassou, a aliança estratégica para a fabricação de utilitários na Ásia a partir de 2005. Anunciada há um ano e meio, ela não passou da fase de negociações. Com a Hyundai Motor, a DaimlerChrysler pretendia fabricar caminhões e ônibus, além de motores diesel. "A necessidade estratégica" dessa cooperação "diminuiu drásticamente", justificou Cordes. No ramo de utilitários, a montadora alemã aposta agora na Fuso, sua subsidiária no Japão.
Uma rasteira nos coreanos
Com os coreanos, primeiro teria havido longas negociações salariais e depois desavenças quanto à escolha do parceiro da DaimlerChrysler na China. Por isso, o "divórcio" anunciado não surpreendeu a ninguém. O temor da Hyundai era que a empresa acabasse sendo engolida pela DaimlerChrysler ou outra montadora estrangeira.
As atividades da alemã na China também foram motivo de desentendimentos. Neste país, os alemães acertaram diretamente uma joint-venture com a Beijing Automotive Industry Holding Corp (BAIC), que até então era parceira dos coreanos. O presidente da DaimlerChrysler, Jürgen Schrempp, assinou o contrato com a BAIC no início de maio, para a produção de limusines Mercedes a partir de 2006 na China. Com isso, redirecionou sua estratégia na Ásia.
China, a menina dos olhos da Daimler na Ásia
Após os altos prejuízos com a Chrysler nos EUA e seu saneamento, que engoliu bilhões de dólares, Schrempp foi muito criticado por sua expansão ao mesmo tempo na Ásia, onde se temia problemas semelhantes com a Mitsubishi e a Hyundai.
Para ninguém botar defeito, a montadora com sede em Stuttgart centrou seus negócios asiáticos agora na China. Além dos Mercedes, foi acertada uma parceria com a subsidiária da BAIC, Beiqi Foton Motor Corp. para a produção de caminhões, motores e componentes.
A participação na Hyundai foi um bom negócio para a Daimler. Adquirida por cerca de 400 milhões de dólares em 2000, está valendo aproximadamente um bilhão de dólares. Segundo a empresa sul-coreana, o pacote de ações será vendido ainda este ano. O capital será empregado nos negócios na China, calculam os analistas.
A China é o mercado de maior crescimento do mundo, não apenas em automóveis. Como maior fabricante mundial de ônibus e caminhões, a DaimlerChrysler quer garantir uma boa fatia desse bolo.