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CriminalidadeBrasil

Bolsonarista confessa ter matado apoiador de Lula e é preso

9 de setembro de 2022

Polícia diz que discussão política motivou assassinato, ocorrido no interior de Mato Grosso. Vítima morreu após receber facadas e golpe de machado.

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Foto: Mauricio Lima/AFP

Um apoiador do presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente nesta quinta-feira (08/09) após confessar ter matado um apoiador do ex-presidente Lula com golpes de faca e machado na cidade de Confresa, no estado de Mato Grosso. O crime ocorreu após uma discussão política.

A vítima é Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, e o suspeito é um homem de 24 anos, identificado como Rafael Silva de Oliveira.

O crime ocorreu na noite de quarta-feira, em Confresa, cidade localizada a cerca de mil quilômetros de Cuiabá. O autor está preso e tem transferência prevista para esta sexta-feira para um presídio de Porto Alegre do Norte. Segundo a polícia, ele tem passagens na polícia por estelionato e tentativa de estupro.

De acordo com o delegado Vitor Oliveira, da Delegacia Civil de Confresa, a vítima recebeu ao menos 15 facadas e um golpe de machado no pescoço.

"O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro", afirmou o delegado, citado pelo portal G1.

Os dois trabalhavam juntos em uma propriedade na zona rural de Confresa. "Eles estavam sozinhos na casa da chácara onde trabalham, não eram amigos. Em determinado momento, começaram uma discussão sobre política", contou o delegado Oliveira, em entrevista ao portal UOL.

"O lulista deu um soco no queixo do bolsonarista, que revidou. A vítima então pegou uma faca e partiu para cima do bolsonarista, que conseguiu tomar a faca e correu atrás dele. O lulista conseguiu correr, mas foi alcançado pelo suspeito e esfaqueado", acrescentou o delegado.

Segundo o boletim de ocorrência, Rafael de Oliveira confessou o crime, alegando que "estava fora de si" no momento do crime.

Golpe fatal no pescoço 

Após os primeiros golpes, Rafael foi então até um barracão para buscar um machado e voltou até Benedito, que ainda estava vivo, e o acertou no pescoço, tentando decapitá-lo, de acordo com a polícia.

"O golpe fatal foi no pescoço. Ele escondeu as armas do crime e foi para a cidade. A Polícia Civil autuou em flagrante por homicídio duplamente qualificado", disse o delegado.

A faca e o machado foram encontrados perto do corpo da vítima. Ainda de acordo com o delegado, o suspeito saiu do local do crime e procurou um hospital, para ser atendido por cortes na testa e na mão.

"No hospital, a Polícia Militar suspeitou do caso. Já tinham conhecimento de uma vítima morta na chácara. A Polícia Civil começou a realizar diligências, localizaram a arma do crime, uma faca e um machado."

O suspeito foi, então, levado para a delegacia, onde prestou depoimento e, segundo a polícia, confessou o crime. Ele foi preso em flagrante por homicídio qualificado, por motivo fútil e motivo cruel, tendo a prisão em flagrante convertida para preventiva. A Polícia Civil apreendeu o celular de Rafael e encontrou vídeo e fotos da vítima após assassiná-lo.

É a segunda vez neste ano que um apoiador de Bolsonaro mata um simpatizante do ex-presidente Lula durante uma discussão de motivação política, em mais um incidente de uma campanha tensa e marcada por episódios de violência política.

No mês de julho, o guarda municipal e tesoureiro petista Marcelo Arruda foi morto a tiros pelo policial penal federal bolsonarista Jorge Guaranho em sua festa de aniversário de 50 anos, que tinha o ex-presidente como tema, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Antes de atirar, Guaranho chegou ao local atacando Lula e o PT e usou palavras de ordem pró-Bolsonaro, provocando uma discussão.

Nesta sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o crime em Mato Grosso como um ato de intolerância, ódio e selvageria.

"É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, na zona rural de Confresa. A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país. Meus sentimentos à família e aos amigos de Benedito", escreveu Lula no Twitter.

Mais tarde, em um evento no Rio de Janeiro, Lula disse que "o país caminha para uma selvageria que até então desconhecíamos". "É uma demonstração do clima de ódio estabelecido no processo eleitoral. Uma coisa totalmente anormal."

md/jps (ots)