Banda Die Toten Hosen segue fiel ao punk 30 anos depois
13 de abril de 2012A banda de punk Die Toten Hosen é dos maiores símbolos da cidade de Düsseldorf, no oeste da Alemanha – na mesma medida que a altbier (a cerveja local) e o rio Reno. No primeiro concerto do quinteto, em 10 de abril de 1982, Campino, Kuddel, Vom, Andi e Breiti não podiam imaginar que seria assim, 30 anos depois.
Os Toten Hosen já venderam milhões de discos, ganharam inúmeros prêmios musicais e são vistos como exemplo de engajamento social e esportivo. Na turnê de aniversário, a banda comprova novamente um gosto um tanto incomum na escolha dos locais para os shows: eles adoram aparecer na sala de estar de fãs ou surpreendem tocando numa prisão.
A turnê de comemoração inclui uma apresentação, em setembro, num estádio de futebol em Buenos Aires. Os ingressos para os shows na Alemanha estão esgotados. Os Toten Hosen também irão tocar na Áustria, na Suíça e na Romênia.
Música e opinião
Estrelismo não é uma característica da banda – em sua cidade natal, os Toten Hosen costumam ser vistos no estádio de futebol, em shows e também em bares.
O crítico musical Philipp Holstein explica o sucesso do quinteto da seguinte maneira: "Os caras se mantiveram fiéis a si mesmos. Eles ainda têm uma postura punk. Quanto mais eu fico em Düsseldorf, mais eu percebo como eles são importantes para a cidade e também para todo o país".
Não é de se admirar, já que os Toten Hosen assumem suas posições e são conhecidos por suas mensagens claras: eles participam de campanhas contra a energia nuclear e o neonazismo e já toparam posar nus contra o uso de peles de animais.
Com a banda berlinense Die Ärzte, o quinteto de Düsseldorf mantém uma certa rivalidade, numa relação de amor e ódio. Já a extinta banda punk nova-iorquina Ramones é venerada pelos Toten Hosen.
Crise e paradas de sucesso
O milésimo show da banda, há 15 anos, quase significou o fim prematuro para os punks alemães. A morte de um jovem de 16 anos, que foi espremido em frente ao palco, provocou bastante discussão entre os músicos. Seis meses depois do incidente, Campino declarou: "Isso pode soar meio estúpido, mas não somos mais a banda que éramos antes. Perdemos muito da nossa ingenuidade. Ou seja, pular na plateia e coisas desse tipo não rolam mais".
Mas a banda superou a crise e seguiu em frente. Depois de 30 anos, a produção musical dos Toten Hosen é de impressionar. A grande virada veio em 1988, com o álbum Ein kleines bisschen Horrorschau e o hit Hier kommt Alex.
As melodias simples e as letras de fácil compreensão foram bem recebidas pelo público. Com álbuns como Kauf Mich! ou Opium fürs Volk, a banda se manteve nas paradas nos anos seguintes.
O quinteto atrai fãs de todas as gerações – não é raro encontrar nos shows filhos acompanhados dos pais. Impressionante também é o sucesso que os Toten Hosen fazem na Argentina, onde há mais de 20 anos são praticamente tão admirados como na Alemanha.
Juntos no túmulo
Tanto sucesso deixa até o mesmo o carismático Campino sem saber o que dizer. "Eu preciso admitir que mais ou menos 90% de tudo de bacana e fantástico que eu vivi na minha vida está relacionado com os Toten Hosen", diz o músico de 49 anos.
Depois de quatro anos de espera, em 4 de maio a banda lança o novo álbum, o 13º de estúdio. Há boatos de que ele será também o último, em parte porque Campino comemora seus 50 anos em junho. Mas não importa quanto tempo a banda ainda vai resistir, uma coisa já está decidida: um túmulo coletivo está reservado num cemitério de Düsseldorf.
Autoras: Dagmar Dahmen / Nádia Pontes
Revisão: Alexandre Schossler