Terrorismo
31 de janeiro de 2009Heinz Fromm, presidente do Departamento Federal de Proteção à Constituição, afirmou, em entrevista ao diário Hamburger Abendblatt, que o perigo de que aconteçam atentados no país é grande. Segundo Fromm, a organização terrorista Al Qaeda teria em vista as eleições parlamentares, que acontecem em setembro próximo. A meta dos ataques seria a retirada das tropas da Bundeswehr do Afeganistão.
O ativista islâmico radical Bekkay Harrach teria, de acordo com Fromm, dado declarações neste sentido em vídeos veiculados pela internet. Estes vídeos relacionados diretamente à Alemanha são, para as autoridades, uma nova etapa na propaganda feita pelos radicais islâmicos.
Os vídeos, segundo Fromm, "mostram que estão sendo preparados ataques ao nosso país". Segundo o vice-ministro do Interior, August Hanning, Harrach é um nome importante dentro da Al Qaeda, sendo próxmo à liderança da organização.
As autoridades do serviço secreto afirmam que centenas de pessoas envolvidas com o terrorismo islâmico são conhecidas na Alemanha. Vários dos envolvidos possuem cidadania alemã ou são alemães convertidos ao islamismo. "Detectamos uma nova dimensão, que mostra que a Alemanha aparece na frente entre os países que são alvo de terroristas", afirmou o ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble, ao jornal Bild am Sonntag.
Paralelos aos atentados na Espanha
O presidente do Departamento Federal de Investigações (BKA), Jörg Ziercke, declarou à revista Focus que o maior perigo está no grupo de ativistas radicais alemães que se converteram à religião islâmica.
"Eles conhecem a infraestrutura do país, são integrados socialmente e não se destacam pela aparência. As mensagens mais recentes veiculadas em vídeo mostram claramente que a Alemanha e os interesses alemães no exterior estão sendo ameaçados", afirmou Ziercke.
Segundo ele, é possível que os terroristas tentem – como aconteceu em 2004 na Espanha – influenciar os resultados das eleições parlamentares na Alemanha. O atentado ocorrido num trem de Madri deixou um saldo de 191 mortos. A eleição, que aconteceu logo depois do ataque, levou a uma troca de governo e a uma consequente retirada das tropas espanholas do Iraque.
Alemanha na mira da Al Qaeda
O especialista Guido Steinberg, da Fundação de Ciência e Pesquisa, sediada em Berlim, destacou em declarações à rede de televisão ARD alguns paralelos entre as atuais ameaças e os atentados na Espanha em 2004.
"Pode-se partir do princípio de que a Al Qaeda, se tiver oportunidade, irá, nos próximos meses, atacar alvos alemães a fim de influenciar tanto o resultado das eleições quanto o debate sobre o Afeganistão. E tentar forçar, com isso, uma possível retirada das tropas alemãs do país", analisa Steinberg.
O que mais preocupa as autoridades e os especialistas no momento são as redes de contato estreito entre as diversas organizações terroristas no país e o fato de que, pela primeira vez, um alemão (convertido ao islamismo) tenha entrado para o rol de líderes da Al Qaeda.
De acordo com o serviço de inteligência do país, os delitos de motivação terrorista cresceram no país. A revista Focus informa que as autoridades competentes registraram 160 casos de delitos com fins terroristas no ano de 2008. Em 2007 haviam sido 105 casos.
A Alemanha possui no momento aproximadamente 3.000 soldados estacionados no Afeganistão, como parte da Isaf, força de segurança da Otan. O trabalho das tropas alemãs se restringe à manutenção da paz, reconstrução e treinamento de pessoal no país, sem participação nas zonas de combate no sul e leste afegãos.