Netanyahu tenta angariar votos de conservadores
17 de março de 2015O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, endureceu o discurso em sua última tentativa de tentar atrair votos dos israelenses, que vão às urnas nesta terça-feira (17/03). Ao deixar sua seção eleitoral em Jerusalém, Netanyahu prometeu que seu partido conservador Likud, caso saia vitorioso das urnas, não fará coalizão com a esquerda.
"Não haverá união do governo com o Partido Trabalhista. Formaremos um governo nacionalista", afirmou o premiê a jornalistas. Segundo ele, em caso de vitória, o partido ultranacionalista Habait Jehudi (Lar Judaico), do atual ministro da Economia, Naftali Bennet, será seu primeiro parceiro de coalizão.
Mais cedo, uma mensagem divulgada no Facebook do premiê pedia a seus apoiadores para ir às urnas combater o voto da minoria árabe. Segundo Netanyahu, uma grande participação dos cidadãos árabe-israelenses, que somam 20% da população, coloca o Likud "em risco".
"Com a sua ajuda, e ajuda de Deus, vamos construir um governo nacionalista que vai proteger o Estado de Israel", afirmou o primeiro-ministro.
A mensagem gerou indignação da esquerda israelense, que não tardou em acusar o opositor de racismo. "Nenhum líder ocidental ousaria fazer semelhante comentário racista. Imaginemos um primeiro-ministro ou um presidente de qualquer democracia que diz, por exemplo, que seu governo está em perigo porque eleitores negros estão votando em massa. Horrível, não é verdade?", afirmou a deputada trabalhista Shelly Yachimovich, também por mensagem no Facebook.
A declaração do primeiro-ministro vem em resposta à união de partidos árabes em Israel, que vêm tentando mobilizar a população árabe, geralmente apática às urnas, a votar e fortalecer a participação da minoria na política do país.
Em meio a sinais de que após seis anos à frente do governo de Israel seu mandato pode estar perto do fim, Netanyahu deu uma guinada ainda mais à direita nos últimos dias, mobilizando sua base mais linha-dura e nacionalista e conclamando por votos dos mais conservadores.
Na segunda-feira, ele declarou que vai se opor à criação de um Estado palestino caso seja reeleito, alegando que isso tornaria Israel "mais vulnerável a ataques do extremismo islâmico".
Pesquisas de opinião mostram que a disputa deve ser acirrada entre o Likud de Netanyahu e a União Sionista, de esquerda, liderada por Isaac Herzog. Divulgada na sexta-feira, a última sondagem revelou, porém, que o número de indecisos ainda é grande.
MSB/dpa/ap/lusa