Venda de caju deverá cair 40% na Guiné-Bissau em 2012
28 de junho de 2012
Com muitas dificuldades, a Guiné-Bissau só conseguiu exportar pouco mais de 30 mil toneladas de castanha de caju este ano. Cerca de 90 mil toneladas do produto aguardam pela embarcação, apesar de as previsões apontarem para uma exportação da castanha que inferior a 150 mil toneladas, um número menor que a exportação de 2011.
No ano passado, a Guiné-Bissau vendeu quase 200 mil toneladas da castanha de caju, o que rendeu 156 milhões de euros ao país. Porém, apesar das previsões mais austeras, ainda existe expectativa de o país conseguir um bom resultado no final da presente campanha.
Segundo o inspetor geral do Ministério do Comércio, Mamadu Embaló, a exportação da castanha de caju está a decorrer "normalmente". "Neste momento, dois navios já saíram com a castanha. A situação [deste ano] não é comparável [com a de 2011] porque tivemos uma situação anormal no país, e isso interrompeu um bocado a campanha. E, este ano, teremos uma diminuição na produção", explicou Embaló, em entrevista à DW África.
"Temos esperança de que, este ano, vamos atingir cem mil toneladas. No ano passado, tivemos [a produção] de cerca de 170 mil toneladas", afirmou Embaló.
Mudança de rota
O Estado guineense deverá perder, este ano, 14 milhões de dólares só em receitas alfandegárias com a exportação de caju, porque os compradores mudaram de rota, ou seja, transportam o produto via terrestre para os países vizinhos, nomeadamente o Senegal.
Com esta perda, o Produto Interno Bruto de um dos países mais pobres do mundo deverá diminuir. Ainda assim, o Banco Central da África Ocidental, BCEAO, diz que o PIB subiu em relação a 2009. "A taxa de crescimento real do PIB situa-se em 3,5%, contra 3% em 2009. Estas performances estão ligadas com o aumento do preço de exportação da castanha de caju, as medidas implementadas no setor das finanças públicas e no dinamismo do setor das construções", explicou João Aladje Fadia, diretor nacional do banco para a Guiné-Bissau.
De acordo com analistas, a Guiné-Bissau perde muito com a exportação porque a parte transformada industrialmente não atinge os 10% da produção total. Recentemente, a Associação dos Agricultores já chamou a atenção aos seus intervenientes de que a exportação do caju em bruto, sem processamento local, representa uma perda considerável de valor para país.
Autor: Braima Darame (Bissau)
Edição: Renate Krieger / Helena Ferro de Gouveia