Ucrânia: UE anuncia pacote de 35 mil milhões de euros
20 de setembro de 2024A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reafirmou hoje (20.09) o compromisso da União Europeia em apoiar a Ucrânia, durante a sua visita a Kiev.
Além de uma linha de crédito adicional de até 35 mil milhões de euros para a Ucrânia, a líder europeia anunciou que 160 milhões de euros relativos aos juros dos bens russos congelados serão usados para ajudar o país a enfrentar o próximo inverno com apoio humanitário urgente.
Em relação ao empréstimo de até 35 mil milhões de euros, Ursula von der Leyen lembrou que o valor responde a um compromisso do G7: "Trata-se de um enorme passo em frente. Estamos confiantes de que podemos conceder este empréstimo à Ucrânia muito rapidamente, um empréstimo que é apoiado pelos lucros inesperados dos ativos russos imobilizados", afirmou.
160 milhões de lucros dos ativos
Durante um discurso em Kiev, von der Leyen destacou que parte dos lucros, 60 milhões de euros, serão destinados a ajuda humanitária, sobretudo para fornecer abrigos e aquecedores à população ucraniana, afetada pelas baixas temperaturas que se aproximam.
Além disso, cerca de 100 milhões de euros serão aplicados na reparação de infraestruturas energéticas e em projetos de energia renovável.
Estes valores provêm das receitas dos ativos russos imobilizados pela União Europeia, uma das medidas punitivas contra a invasão russa da Ucrânia. "Porque é justo que a Rússia pague pela destruição que causou. Sabemos que é necessário mais, por isso temos de continuar a transferir parte das receitas dos ativos russos imobilizados para a resiliência energética da Ucrânia", disse Ursula von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia sublinhou que o apoio financeiro direcionado à resiliência energética da Ucrânia será ampliado com a continuação da transferência de fundos dos ativos russos congelados.
Infraestruturas energéticas devastadas
A situação energética da Ucrânia é crítica. Cerca de metade das infraestruturas energéticas do país foram destruídas desde o início da guerra, tornando a tarefa de aquecer casas, hospitais e escolas extremamente difícil.
Segundo a presidente da Comissão Europeia, 80% das centrais térmicas da Ucrânia foram danificadas, assim como um terço da capacidade hidroelétrica. "É aqui que vamos concentrar os nossos esforços de reparação com o objetivo de restaurar 2,5 gigawatts de capacidade este inverno. Isto representa aproximadamente 15% das necessidades da Ucrânia", referiu.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destacou que o fornecimento e produção conjunta de armas é uma prioridade para o seu Governo, além das questões energéticas. Zelensky afirmou que Kiev está a preparar-se para "negociações importantes com os parceiros europeus", focando a cooperação em áreas vitais como energia e defesa.
"A cooperação política é crucial - já iniciámos as negociações sobre a adesão da Ucrânia à UE e este processo deve ser ativo, reforçando verdadeiramente todo o sistema europeu. Não pode haver dúvidas sobre a força do projeto europeu", afirmou.
Zelensky destacou que o avanço desse processo de adesão é crucial para garantir a segurança e estabilidade tanto da Ucrânia quanto do continente europeu.
Apoio financeiro contínuo
Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, a União Europeia já forneceu à Ucrânia pelo menos 2 mil milhões de euros em apoio voltado para o setor energético.
Este apoio tem sido vital para mitigar os danos causados pela guerra às infraestruturas críticas do país, que enfrenta agora o seu terceiro inverno sob a ameaça de uma guerra prolongada.
A visita de Ursula von der Leyen a Kiev reforça o papel da UE como um dos principais aliados da Ucrânia na resistência contra a Rússia, evidenciando a continuidade do apoio financeiro e diplomático, além de manter a pressão sobre Moscovo através de sanções e medidas económicas.