Alemanha suspeita de ucraniano na sabotagem dos gasodutos
15 de agosto de 2024Questionado pela agência francesa AFP, o Ministério Público Federal alemão, responsável por uma parte da investigação, recusou-se a comentar a informação divulgada pela televisão pública ARD e pelos jornais Süddeutsche Zeitung e Die Zeit.
Segundo os três órgãos de comunicação social, o mandado de captura europeu foi emitido em junho pelo Ministério Público Federal contra um instrutor de mergulho ucraniano que vivia na Polónia, não muito longe de Varsóvia.
Os investigadores suspeitam que o visado pelo mandado esteve envolvido, juntamente com outros dois mergulhadores ucranianos, na sabotagem e colocação de explosivos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2.
A justiça alemã não emitiu ainda mandados de captura para os dois alegados cúmplices.
De acordo com as regras europeias de auxílio judiciário mútuo, as autoridades polacas dispunham de 60 dias para responder ao pedido alemão e deter o suspeito.
Segundo os meios de comunicação social alemães, a detenção não ocorreu por razões que não foram explicadas.
O suspeito terá entretanto fugido, embora não se saiba se viajou para a Ucrânia.
O alvo do mandado de captura, que foi brevemente contactado por telefone pelos meios de comunicação alemães, negou qualquer envolvimento no ataque.
Investigação
A Suécia e a Dinamarca pararam a investigação no início do ano, mas as autoridades da Alemanha prosseguiram com o caso, concentrando-se em particular no mergulhador ucraniano.
Não existem, nesta fase, provas que sugiram que o mergulhador e os dois alegados cúmplices tenham atuado sob as ordens das autoridades, dos serviços secretos ou do exército da Ucrânia, segundo os média alemães.
Ucrânia: Polónia confirma mandado
Entretanto, a justiça polaca confirmou hoje que recebeu um mandado de captura da Alemanha contra um ucraniano residente na Polónia, mas que já abandonou o país, suspeito de envolvimento na sabotagem dos gasodutos Nord Stream.
O Ministério Público polaco confirmou que as autoridades alemãs emitiram, em junho, um mandado de captura europeu contra um homem chamado Volodymyr Z., segundo a agência francesa AFP.
Uma porta-voz da Procuradoria-Geral polaca disse que Berlim não inscreveu o suspeito no registo de pessoas procuradas, o que lhe permitiu regressar à Ucrânia no início de julho sem ser incomodado na fronteira.
A ausência de inscrição no registo "significa que os guardas fronteiriços polacos não foram informados e não tinham qualquer razão para deter Volodymyr Z.", explicou a porta-voz num correio eletrónico enviado à AFP.
A sabotagem
A sabotagem dos dois gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha e transportavam a maior parte do gás russo para a Europa ocorreu em 26 de setembro de 2022, sete meses depois da invasão russa da Ucrânia.
Quatro fugas de gás, precedidas de explosões subaquáticas, ocorreram com poucas horas de intervalo nos dois gasodutos, que não estavam em funcionamento na altura.
A Rússia já tinha deixado de fornecer gás através do Nord Stream 1, no contexto de um conflito energético com os países europeus que apoiam a Ucrânia, e o Nord Stream 2 nunca entrou em funcionamento.
Apesar de não estarem operacionais, os dois gasodutos operados por um consórcio do gigante russo Gazprom estavam cheios de gás.
A Ucrânia acusou na altura a Rússia de responsabilidade pelas fugas nos gasodutos, acusações que foram devolvidas por Moscovo.
Posteriormente, média norte-americanos e alemães disseram que um grupo pró-ucraniano poderia ter sido o autor da sabotagem.
A Ucrânia negou qualquer responsabilidade pela sabotagem.