Sobreviver depois da seca e das chuvas fortes em Angola
3 de dezembro de 2012Seca ou estiagem por um lado, chuvas fortíssimas por outro. Ambos os fenómenos naturais atiraram milhares de famílias rurais para uma situação muito próxima da penúria alimentar.
A estiagem arrasou a campanha agrícola passada que parecia prometedora. Os camponeses trabalharam grandes extensões de terra, tinham várias sementes em abundância e beneficiaram de créditos bancários reembolsáveis com taxas muito baixas.
Mas tudo isso esfumou-se. A falta de chuva no ano passado queimou as culturas de milho, mandioca, ginguba e feijão, entre outras. Os camponeses afetados ficaram na pobreza e agora não conseguem reembolsar os créditos disponibilizados pelo governo angolano através da banca.
Depois da estiagem, chegou há um mês a época chuvosa, que também estragou várias culturas um pouco por todo o país.
Alternativas para sobreviver
A situação é caótica para algumas famílias, sobretudo no meio rural. Muitas pessoas têm de recorrer a outras atividades para sobreviver. Manuel Jaime, que vive na província do Kwanza Norte, é um exemplo disso. Apesar da falta de meios, Jaime decidiu fazer pesca artesanal para o sustento do dia a dia.
Também Carlos de Jesus, um agricultor a viver na mesma província, foi obrigado, por um lado, a enveredar pelo cultivo da batata, por ser mais resistente, e, por outro, a comprar uma moto-bomba para obter água de um dos rios, pois já não tinha água da chuva.
“Tenho aqui estas poucas batatas graças à moto-bomba que tenho”, disse. “Se não fosse isso, não teríamos sequer o pouco que temos agora.”
Apoio estatal
Muitas famílias estão dependentes de um programa do governo de distribuição de alimentos para ajudar as pessoas na sua dieta alimentar.
O executivo aprovou um programa para apoiar as populações afetadas. Segundo Afonso Pedro Canga, ministro angolano da Agricultura:
“O programa está sendo executado com a distribuição de produtos alimentares, com a distribuição de meios de produção para se poderem aproveitar áreas que ainda têm água e também com a distribuição de água para as populações através dos departamentos ministeriais da Agricultura, Assistência e Reinserção Social, do Ministério do Interior e do Ministério da Saúde”, disse.
Muito recentemente, o Conselho de Ministros da República de Angola apreciou e aprovou mais apoios às populações afetadas quer pela estiagem, quer pelas chuvas, para que se minimize a situação de falta de alimentos.
Autor: António Carlos (Luanda)
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha