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África ainda vê crescimento da fome

9 de outubro de 2012

Documento da Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação, apresentado nesta terça-feira (09.10) em Roma, diz que fome no mundo diminuiu. Mas, no continente africano, o problema persiste.

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Fome ainda cresce na África
Fome ainda cresce na ÁfricaFoto: dapd

O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012”, produzido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), traz os novos números sobre a insegurança alimentar mundial.

De acordo com o documento, 870 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica no mundo, estando, portanto, em situação de insegurança alimentar. Cerca de 852 milhões dessas pessoas vivem em países em desenvolvimento, o que corresponde a 15% da população total desses países.

“Isso significa que uma a cada oito pessoas, no mundo, continua sofrendo de má nutrição”, avalia o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, que deu entrevista à DW África na sede da organização, em Roma.

África ainda enfrenta crescimento da fome

Nas regiões Subsaariana e no Corno de África, observa-se o aumento da fome, revela José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO
Nas regiões Subsaariana e no Corno de África, observa-se o aumento da fome, revela José Graziano da Silva, diretor-geral da FAOFoto: graziano da silva

No relatório da FAO, Moçambique foi identificado com um quadrado amarelo - sinal que aponta um estado de alerta em relação ao cumprimento das metas de combate à fome, estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU e que devem ser atingidos até 2015. Entre 2010 e 2012, o número de pessoas que passam fome cresceu 18% no país.

O mesmo problema é enfrentado por outras nações africanas, especialmente nas regiões Subsaariana e no Corno de África, onde observou-se um aumento do número de pessoas com fome.

“É uma região em que temos enfrentado todos os tipos de problemas - como secas, inundações e conflitos - e que vai na contramão da tendência geral da redução da fome”, revela Graziano da Silva.

Angola entre as exceções positivas do continente

Nos últimos dois anos, diminuiu em 21% o número de pessoas que sofrem com a desnutrição, em Angola
Nos últimos dois anos, diminuiu em 21% o número de pessoas que sofrem com a desnutrição, em AngolaFoto: AP

Na África, Angola se destaca como uma positiva exceção. Nos últimos dois anos, diminuiu em 21% o número de pessoas que sofrem com a desnutrição no país, segundo o texto da FAO.

Assim, apesar das recentes denúncias de que pessoas estariam passando fome no sul de Angola, o relatório avalia com sinal verde as ações de cumprimento da meta de erradicar a fome. O que quer dizer que o país ocidental africano está no "bom caminho" para cumprir o objetivo.

E há ainda outros exemplos animadores. Gana reduziu a fome em 87%. O Mali, antes do conflito [desencadeado pelo golpe de Estado militar de março], tinha uma redução de 44% e Camarões, de 35%.

“Isso mostra que, mesmo em situações adversas, quando temos políticas para promover o desenvolvimento agrícola - especialmente dos pequenos agricultores, como foi feito em Gana - [estas] dão resultados imediatos na redução do número de famintos”, garante o diretor-geral da FAO.

Trabalho conjunto garante melhores resultados

Parceria entre as agências da ONU, na Somália, foi considerada um modelo para outras áreas, pois o país saiu, em oito meses, da situação de fome
Parceria entre as agências da ONU, na Somália, foi considerada um modelo para outras áreas, pois o país saiu, em oito meses, da situação de fome generalizadaFoto: AP

O novo relatório da fome no mundo foi apresentado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).

Para Graziano da Silva, a parceria entre essas três agências das Nações Unidas é fundamental para se atingir bons resultados na África.

O diretor-geral da FAO cita o caso da Somália, país que, em oito meses, saiu da situação de fome generalizada, “com medidas de apoio à pequena produção, com um programa de pagamento para o trabalho, que resultaram em reparação de pequenas rodovias, de canais de irrigação e de recuperação de áreas de pasto”, relata.

A parceria entre as agências da ONU na Somália foi considerada um modelo para outras áreas, como por exemplo o Sahel, onde também vem sendo feito um trabalho conjunto.

Autor: Rafael Belincanta (Roma)
Edição: Cristiane Vieira Teixeira/Renate Krieger

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