Rio Luanda: A resposta definitiva para inundações em Angola?
16 de dezembro de 2023Angola enfrenta sérias consequências das intensas chuvas, sobretudo em Luanda, onde nove pessoas perderam a vida, 64 casas colapsaram e mais de seis mil residências ficaram inundadas desde 5 de agosto.
Neste contexto desafiador, o engenheiro António Venâncio advoga, há três anos, a implementação do Rio Luanda como uma medida essencial para combater inundações.
Numa entrevista exclusiva à DW África, Venâncio esboça o projeto que, além de prevenir inundações, promete melhorar a distribuição de água, estabelecer critérios para saneamento e erradicar o paludismo em Luanda.
O Rio Luanda teria a configuração de um Ypsilon, abrangendo áreas como Cazenga, Cacuaco e Viana, desaguando na costa luandense.
"Água para as pessoas beberem, água para a indústria, água para a agricultura e outros fins. Travar e encaminhar as águas das chuvas. E a terceira função, as águas residuais: permitir que Luanda possa fazer um melhor encaminhamento das águas residuais e fazer o reaproveitamento até onde hoje a ciência permite", explica.
O engenheiro destaca a viabilidade financeira do projeto, estimando um custo total inferior a dois mil milhões de dólares. Com disponibilidade financeira, a execução do projeto poderia ocorrer em quatro anos, envolvendo quatro empreiteiros gerais.
Quanto custaria aos cofres do Estado?
"Menos de mil milhões de dólares para o próprio rio em si, com as suas peças, as estações de tratamento e as bacias. Todos os órgãos de drenagem que vão reestruturar o saneamento do ponto de vista da macro drenagem. Com cerca de mil milhões de dólares, esta parte fica resolvida. Depois, vamos precisar de mais seiscentos a setecentos milhões para outras obras conexas."
António Venâncio acredita que o Estado poderia obter os fundos necessários considerando as despesas anuais e explorando parcerias.
"Por exemplo, se se retirar as pessoas do traçado do Rio Luanda, vai sobrar terrenos. Esses terrenos vão ser altamente valiosos. O Estado pode ir buscar ali uma grande parte. Portanto, temos aqui retornos. O próprio Rio Luanda vai dar retornos", garante.
Apesar da sua ligação ao MPLA, partido no qual manifestou interesse em ser presidente, o engenheiro destaca que o projeto é uma questão técnica e não política.
"Deposito grande esperança no Rio Luanda porque creio que é uma luta de egos apenas e de má interpretação. Os mentores do Rio Luanda fazem-no como militantes da engenharia e não como militantes do MPLA", remata