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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC: Dezenas de mortos em novo ataque de rebeldes ugandeses

Lusa
6 de junho de 2022

Pelo menos 20 pessoas foram mortas domingo à noite num novo ataque dos rebeldes ugandeses das Forças Democráticas Aliadas (ADF), no nordeste da República Democrática do Congo (RDC), disseram hoje ativistas.

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Cenário de destruição após ataque promovido pelas ADF em fevereiro de 2020 numa aldeia congolesaFoto: Alexis Huguet/AFP/Getty Images

"Os assaltantes invadiram a aldeia de Otomabere-Bwanasura, por volta das 20:00 locais [19:00 em Lisboa], atacaram os habitantes e mataram 20 pessoas, de acordo com as últimas informações de que dispomos", disse esta segunda-feira (06.06) à agência de notícias espanhola EFE, por telefone, Christophe Munyanderu, coordenador da organização não-governamental (ONG) local Convenção para o Respeito dos Direitos Humanos (CRDH).

"Também queimaram 30 casas e raptaram alguns jovens" durante um ataque que teve lugar em território Irumu, na província de Ituri. 

Segundo o ativista, o número de mortos pode aumentar, à medida que a busca de corpos continua. 

A cidade já não sofria este tipo de ataques há algum tempo, o que permitiu "o regresso de muitos habitantes, mas agora todos fugiram para a cidade", disse Munyanderu, que denunciou a presença de bases das ADF em vários pontos próximos da cidade, "sem a mínima reação das autoridades". 

Grupo rebelde

As ADF são um grupo rebelde de origem ugandesa, mas estão atualmente sediadas no nordeste da RDCongo, perto da fronteira do país com o Uganda.

DRK Symbolbild FARDC
Soldados da RDCFoto: Alain Wandimoyi/AFP

Segundo o Gabinete do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, as ADF foram responsáveis por cerca de 1.260 mortes em 2021, sendo o grupo armado mais letal da RDCongo.

Além disso, segundo dados compilados pelo Barómetro de Segurança Kivu (KST), as milícias já mataram mais de 2.480 pessoas em mais de 450 ataques, desde 2017, no nordeste do país.

As autoridades ugandesas acusaram as ADF de organizarem três atentados suicidas à bomba no seu território, em novembro de 2021. Os alvos do grupo não são claros, para além de uma possível ligação com a organização terrorista do Estado Islâmico (EI), que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.

Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio direto do EI às ADF, os Estados Unidos identificaram os rebeldes como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo 'jihadista', desde março de 2021.

Estado de sítio

O governo congolês impôs um estado de sítio em Ituri e na província vizinha do Kivu do Norte, em maio de 2021, para lidar com os grupos rebeldes, mas esta medida não eliminou o problema.

Além disso, com o objetivo de neutralizar as ADF, os exércitos da RDC e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês, no final de novembro de 2021, prolongada por mais dois meses na semana passada.

Desde 1998 que o leste da RDC tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão de paz da ONU (Monusco), com o maior número de 'capacetes azuis' - mais de 14.000 - destacados no terreno.