Pelo menos 50 mortos em confrontos na RDC
27 de dezembro de 2021Os confrontos na República Democrática do Congo (RDC) foram registados na província de Ituri, onde em conflitos separados, o exército está a combater as Forças Democráticas Aliadas (ADF) - um grupo com suspeitas de ligações ao chamado Estado Islámico (EI) - e uma milícia de base étnica chamada Codeco.
Na quinta-feira (23.12), nove civis na área de Mambembe foram massacrados pela ADF, e mais três foram mortos num ataque no sábado (25.12), disse o chefe de polícia da área, Janvier Musoki Kinyongo, à AFP.
Deslocamento de rebeldes
"As pessoas fugiram da minha zona. Os rebeldes da ADF estão a deslocar-se pela região", disse ele.
Numa outra parte de Ituri, soldados mataram sete agentes da ADF e capturaram um numa ofensiva lançada na auto-estrada 4, cerca de 90 quilómetros a sul da capital provincial Bunia, disse o porta-voz do Exército, Jules Ngongo.
Separadamente, o Exército disse ter levado a cabo uma "operação apoiada por helicóptero" contra o Codeco no território de Djugi, em Ituri.
"Trinta e um elementos das milícias do Codeco [foram] neutralizados e vários ficaram feridos", disse o porta-voz.
Codeco
A Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco) é uma seita militar-religiosa que afirma representar o grupo étnico Lendu, que tem uma rixa histórica com a comunidade Hema.
Os combates entre os dois grupos incendiaram-se entre 1999 e 2003, fazendo dezenas de milhares de vidas antes de ser extinta por uma força de manutenção da paz da União Europeia (UE), conhecida como Artemis.
A violência foi então retomada em 2017, vista como responsável pelo surgimento da Codeco.
Desde outubro, a Codeco intensificou os ataques na área de Djugu, na fronteira entre o Lago Albert e o Uganda, que se situam a leste.
No sábado (25.12), um ataque suicida num local noturno cheio de gente em Beni, na vizinha província do Kivu Norte, ceifou sete vidas.
O Kivu do Norte é o epicentro dos ataques da ADF que, segundo a Igreja Católica, já causaram cerca de 6 mil mortes desde 2013. O grupo foi também acusado de uma série de ataques em solo ugandês este ano.
A 30 de novembro, a RDC e o Uganda lançaram uma operação conjunta contra a ADF.
A ADF é historicamente uma coligação rebelde ugandesa que se estabeleceu no leste da RDC em 1995, tornando-se a mais mortífera de dezenas de forças ilegais na região conturbada.
O grupo Estado Islámico apresenta a ADF como o seu ramo regional - o chamado "Estado Islâmico na Província da África Central" (ISCAP) .