Quenianos contestam validação da vitória de Kenyatta pelo Tribunal
1 de abril de 2013O rival do presidente queniano, Raila Odinga, veio a público aceitar o veredicto do Supremo Tribunal, conhecido este fim-de-semana. Ainda assim, vários dos seus apoiantes foram para as ruas protestar, já que não acreditam que Kenyatta tenha ganho as eleições presidenciais de 4 de Março de forma justa.
Bem Onyango, um dos manifestantes, acusa o presidente do Tribunal, Willy Mutunga, de aceitar subornos para decidir a favor de Kenyatta, afirmando que "até as crianças viram como eles roubaram as eleições". "Eles usaram papéis falsos. Todas as provas estavam aí, para nós vermos. Nós também temos algumas dessas provas", afirma o queniano.
Manifestações fazem 5 mortos
Os protestos – isolados – levaram ao derramamento de sangue. Duas pessoas morreram no sábado (30.03) em manifestações em Kisumu, a cidade de Odinga. Outras três morreram na capital, Nairobi, em confrontos com a polícia.
As autoridades descobriram também uma bomba num autocarro, que não chegou a explodir. A polícia conseguiu desactivá-la a tempo.
Este domingo (31.03), as autoridades reforçaram a segurança em áreas problemáticas – especialmente nos locais onde vivem muitos apoiantes de Raila Odinga. As autoridades receiam que o Quénia volte a mergulhar no caos e violência de há uns anos atrás. Em 2007, depois das eleições, a violência étnica matou no país mais de 1000 pessoas.
Receio de um regresso ao passado, apesar da decisão da justiça
À semelhança do que aconteceu nessa altura, depois deste escrutínio, Raila Odinga também recusou aceitar a derrota. Odinga disse que houve manipulação dos boletins de voto e problemas técnicos que prejudicaram os resultados.
Kenyatta ganhou com uma margem muito curta, obtendo 50,07% dos votos. Uma vitória que o Supremo Tribunal do Quénia veio validar. Nas palavras do presidente da instituição, Willy Mutunga, "as eleições de 4 de Março de 2013 foram realizadas respeitando a Constituição e a lei".
Raila Odinga anunciou que ia aceitar a decisão e pediu aos quenianos para manterem a paz no país. "O tribunal falou. Apesar de não concordarmos com todas as suas decisões, a nossa fé na Constituição permanece suprema", afirmou, sublinhando que "duvidar do veredicto poderia levar a grandes incertezas políticas e económicas e fazer com que fosse mais difícil para o país seguir em frente."
Desejos e promessas de um mandato positivo
Odinga falou também directamente para o seu rival e vencedor das eleições presidenciais. "Espero que o próximo Governo seja fiel à nossa Constituição. Desejo tudo de bom ao presidente eleito, Uhuru Kenyatta, e à sua equipa", afirmou.
Por sua vez, Kenyatta classificou a decisão do tribunal como uma "vitória para todos os quenianos". "Em meu nome e da minha equipa, prometo que iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para mudar as vidas do quenianos para melhor", garantiu o presidente.
Kenyatta deverá tomar posse a 9 de Abril. O político enfrenta acusações no Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda, relativamente a alegações que referem que Kenyatta terá ajudado a incitar a violência pós-eleitoral em 2007.