"Prodígio" Youssoufa Moukoko assina contrato milionário
16 de maio de 2019Poucos ficariam surpreendidos ao ler um título de jornal: "A estrela do Borussia Dortmund assina um acordo de patrocínio de 10 milhões de euros". Mas quando o acordo envolve um jogador de apenas,14 anos, torna-se automaticamente, um produto mediático.
Novo prodígio?
A nível desportivo, é quase indiscutível o termo de "puto maravilha" de Youssoufa Moukoko. Aos 12 anos, já fazia capas de jornais na Alemanha. Dois anos depois, já leva assombrosos 76 golos marcados em 50 jogos, atuando agora pelos sub-17 do Borussia Dortmund.
Tendo em conta que Moukoko não é legível para jogar pela primeira equipa do Dortmund, pelo menos até novembro de 2020 - mês e ano onde completará 16 anos de idade, até o clube alemão ficou surpreendido pelo acordo entre o jovem jogador e a marca desportiva, que poderá chegar aos 10 milhões de euros, dependendo do desempenho desportivo.
O diretor desportivo do Borussia Dortmund, Michael Zorc, não quer fazer "previsões a longo prazo, porque é jovem demais para se fazer um argumento válido. No entanto, o dirigente afirmou que Moukoko "é um talento excecional e que marca golos por diversão". Contudo, Zorc alerta para o percurso que falta percorrer, até chegar ao nível profissional, e que por isso, não quer "alimentar discussões que envolvam o valor do jogador".
Produtor condecorado
"Atitude é tudo". A frase é de Norbert Elgert, técnico de formação do Schalke 04. O treinador acha ainda, que "o talento pode ser superestimado. O talento é um pré-requisito porque nada funciona sem talento, mas o talento só abre a porta. Caráter, atitude e responsabilidade é que farão de um jogador um sucesso ou um fracasso".
Elgert é conhecido pelo incrível trabalho com a academia de juniores do Schalke, que já produziu estrelas como Manuel Neuer, Mesut Özil e Julian Draxler. O treinador de 62 anos, acredita que o papel do treinador mudou e que agora é mais do que "técnica, tática e fisico".
"Nós, treinadores, precisamos de ser um pouco como psicólogos e um pouco como jardineiros. Temos sementes jovens e precisamos ajudá-las a crescer. Não se trata apenas de prepará-los para o futebol. É preciso prepará-los para a vida e ajudá-los a tornarem-se em algo mais do que jogadores de futebol".
Freddy Adu - do céu ao inferno
O futebol é um cocktail de fama, fortuna e pressão. Estará a Nike a colocar uma promissora carreira em risco, numa tentativa de tirar proveito de todo o potencial desportivo e económico de Moukoko?
Freddy Adu é o caso em questão. "A minha família era muito pobre", disse o jogador americano à BBC, numa rara entrevista em 2012. "A minha mãe tinha dois ou três empregos para poder cuidar de mim e do meu irmão".
O jogador nascido no Gana, mas de nacionalidade norte-americana, revelou que a marca desportiva o abordou e que queria fazer do jovem norte-americano, o jogador mais bem pago aos 14 anos. Adu não podia negar.
"Tu não podes dizer que não. Eu disse que sim a tudo o que me foi pedido. Fiz muitas presenças, promoção, entrevistas e isso roubou-me tempo do futebol, dos relvados. As pessoas viram-me como uma ferramenta de marketing".
Freddy Adu despoletou o interesse do futebol mundial em 2008. Na altura, chegou ao Benfica com apenas 16 anos, apelidado de "Pelé norte-americano", mas nunca vingou. Fez apenas 11 jogos com a camisola das águias, mas sem qualquer golo marcado. De resto, foi emprestado para França, Grécia, Túrquia. Em 2011/12, saiu a custo zero para Philadelphia, da MLS.
Ao todo, Freddy Adu jogou em oito países diferentes, onde somou 241 jogos oficiais, 33 golos e 19 assistências. Hoje, aos 29 anos, Adu está sem clube.
Moukoko - novo caso "Adu"?
O jovem Moukoko admitiu que "a última temporada foi difícil, com todas as histórias" em redor do jogador. No entanto, o menino de 14 anos disse que tem uma rede de apoio que o mantém de "castigo". "O meu treinador, Sebastian Geppert, Lars Ricken [Coordenador da Formação do Borussia Dortmund], meu pai e o meu agente têm estado muito no meu ouvido".
Conseguirá Moukoko continuar a progredir e chegar a nível profissional, longe dos holofotes e das jogadas de marketing à procura de patrocinar o próximo Ronaldo ou Messi?