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Presidente do Quénia evita debater política na Alemanha

Daniel Pelz / Maria João Pinto /Lusa/Reuters/DPA7 de abril de 2016

De visita a Berlim, Uhuru Kenyatta deixou claro que quer discutir negócios e não política. Combate ao terrorismo também esteve na pauta do encontro com a chanceler alemã Angela Merkel, esta quarta-feira (06.04).

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Presidente do Quéna, Uhuru Kenyatta, durante conferência de imprensa, em BerlimFoto: picture-alliance/dpa/B.v. Jutrczenka

O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, foi recebido com honras militares pela chanceler alemã, Angela Merkel, na capital, Berlim, esta quarta-feira (06.04). A passagem pela Alemanha integra uma "operação de charme" do chefe de Estado queniano na Europa.

Em conferência de imprensa, após um encontro entre os dois chefes de Estado, a chanceler alemã, Angela Merkel, elogiou a cooperação entre os dois países em vários setores.

Entre 2014 e 2016, o Quénia recebeu mais de 300 mil milhões de euros da Alemanha em apoio ao desenvolvimento. O Quénia é também um importante parceiro comercial em África, destacou Merkel.

"Estamos felizes pelo fato de um Presidente queniano visitar a Alemanha pela primeira vez desde 1999. A Alemanha foi o primeiro país a reconhecer o Quénia depois da independência. Queremos intensificar a nossa relação com o país," declarou a chanceler alemã.

Divergências a parte

Deutschland Angela Merkel & Uhuru Kenyatta in Berlin
Na capital alemã, Kenyatta foi recebeido com horas militares pela chanceler alemã, Angela MerkelFoto: Imago/Zuma Press

Mas há também muitas divergências entre os dois países. Recentemente, o Presidente Kenyatta lançou uma campanha de apelo aos países do continente africano para que abandonem o Tribunal Penal Internacional (TPI), acusando a instituição de preconceito contra África. A Alemanha, por sua vez, é um dos apoiantes mais fortes do TPI.

Ainda assim, a chanceler Angela Merkel conteve as críticas, esta quarta-feira (06.04). No dia anterior, o Tribunal de Haia retirou as acusações de crimes contra a humanidade em relação ao vice-presidente do Quénia, William Ruto.

Os juízes consideraram que o procurador não apresentou elementos de prova suficientes contra Ruto, acusado de crimes contra a humanidade devido à violência pós-eleitoral de 2008, que causou milhares de mortos.

No âmbito do mesmo processo, o TPI já tinha abandonado as queixas contra o Presidente Uhuru Kenyatta, em 2014. O chefe de Estado fala no “fim de um pesadelo” para a nação africana.

Na Alemanha, Kenyatta deixou claro que esta é uma visita para discutir negócios e não política. O Quénia precisa urgentemente de investidores para reduzir os níveis de pobreza. O Presidente queniano lembrou que há 100 empresas alemãs a operar atualmente em seu país.

William Ruto
Na terça-feira (05.04), o TPI retirou as acusações de crimes contra a humanidade em relação ao vice-presidente do Quénia, William Ruto (foto)Foto: Michael Kooren/AFP/Getty Images

"Queremos que este número aumente e que o investimento no nosso país seja aprofundado, de forma a ajudar as empresas alemãs, mas também a contribuir para o crescimento da nossa economia e para a criação de empregos para os nossos jovens," declarou o chefe de Estado queniano.

Combate ao terrorismo

Em Berlim, o Kenyatta apelou a uma luta conjunta dos países africanos contra a ameaça radical islâmica, uma vez que "torna-se cada vez mais claro que muitos grupos trabalham em cooperação." O Presidente queniano disse também que, no futuro, os europeus devem aumentar o apoio no combate aos grupos extremistas.

A chanceler Angela Merkel abriu uma perspectiva de apoio ao Quénia na luta contra o terrorismo islâmico e elogiou o trabalho da missão de paz internacional na vizinha Somália (AMISOM).

Kenia Sicherheitskräfte auf der Straße
Forças de segurança do Quénia guardam as ruas de Nairobi, após ataque da milícia Al-Shabaab, em abril de 2015Foto: picture alliance/AA

Ao mesmo tempo, ela ressaltou que para o desenvolvimento contínuo do Quênia " boa governação transparente" seria muito importante.

Esta quinta-feira (07.04), o chefe de Estado queniano encontra-se com empresários alemães e representantes da diáspora queniana na Alemanha, bem como membros do Parlamento alemão.

O périplo europeu de Uhuru Kenyatta, que passou por França antes de chegar à Alemanha, é um sinal de que o Quénia quer estreitar os laços com o continente europeu, alterando a sua estratégia anterior.

Durante vários anos, o Presidente queniano esteve de olhos postos no Oriente, dando prioridade às relações com países como a China e a Índia.

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