Presidente Buhari inicia visita de Estado à África do Sul
3 de outubro de 2019Esta que é a primeira visita de um líder nigeriano ao país desde 2013, estava agendada há já várias semanas, tendo como principal objetivo o reforço das relações bilaterais entre os dois países. No entanto, a recente onda de violência contra estrangeiros na África do Sul, que afetou centenas de nigerianos e provocou pelo menos 12 mortos, ameaça dominar as conversações entre Muhammadu Buhari e o seu homólogo Cyril Ramaphosa.
Usman Shehu, correspondente da DW, acredita que a violência xenófoba será o tema prioritário."A primeira reunião com Cyril Ramaphosa deverá servir para discutir esta questão da xenofobia. Também deverão falar sobre a comissão empresarial da Nigéria e África do Sul, porque o Presidente Buhari está a viajar na companhia de vários empresários, por isso os negócios serão com certeza um dos tópicos a abordar", explica.
Durante a estadia do Chefe de Estado da Nigéria no país, os dois líderes deverão presidir uma reunião da Comissão Bi-Nacional África do Sul-Nigéria, criada em 1999 para impulsionar a cooperação entre os dois países.
A África do Sul e a Nigéria são, atualmente, as duas maiores economias de África. E por isso, nota Usman Shehu, é imperativo que se entendam. Pois, caso contrário, todo o continente "será afetado". Neste sentido, defende Usman Shehu, é necessário que o governo sul-africano tome medidas palpáveis para remediar o sucedido.Na sua opinião, "[deve] haver uma compensação para as pessoas que perderam as suas propriedades e também uma decisão concreta, um acordo concreto da parte do governo sul-africano para proteger os nigerianos".
Proteger os nigerianos
A visita de Muhammadu Buhari à África do Sul, frisou a sua presidência em comunicado, pretende também mostrar à comunidade nigeriana que ali vive que o seu "governo está a trabalhar para a proteger". Nesse sentido, o Presidente deverá reunir-se com a classe empresarial nigeriana no país, nomeadamente com os proprietários das lojas saqueadas nos ataques de setembro.
Alvan Akujinwa é um deles. À agência AFP, o comerciante afirma que as coisas ainda não voltaram à normalidade e admite que, ainda que tenham já passado algumas semanas, o medo mantém-se."Depois da onda de xenofobia no mês passado, conseguimos comprar algumas coisas para colocar à venda na loja. Mas temos muito, muito medo de comprar mais", afirmou.
A mais recente onda de violência xenófoba contra estrangeiros, que eclodiu a 1 de setembro na África do Sul, levou já ao repatriamento voluntário de 640 nigerianos. Em resposta ao sucedido, em Lagos, várias empresas sul-africanas foram alvo de ataques.