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África do Sul: Sobe número de ataques a lojas de portugueses

Lusa
8 de setembro de 2019

Sobe número de estabelecimentos comerciais de portugueses alvo de saques e destruição durante onda de violência xenófoba na África do Sul. Cerca 460 portugueses foram assassinados desde a queda do apartheid neste país.

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Unruhen in Südafrika
Estabelecimentos comerciais alvo de saques e destruição material na África do Sul.Foto: AFP/G. Sartorio

Subiu para cinco o número de lojas de comerciantes portugueses que foram alvo de saques e destruição material, durante a alegada violência xenófoba popular em Joanesburgo e cidades vizinhas. Entretanto, o balanço é ainda provisório. Segundo o levantamento feito pela agência de notícias Lusa, os prejuízos materiais ascendem agora a 11,3 milhões de rands (cerca de 691 mil euros).

Ângelo Agostinho, 77, proprietário do supermercado Pick'n'Buy, no leste de Joanesburgo, relatou neste domingo (08.09) que o estabelecimento foi alvo de "repetidos saques" na noite de segunda-feira (02.09), e as primeiras horas da madrugada do dia seguinte, por mais de uma centena de populares.      

"Eram mais de uma centena a andar para cá e para lá a roubar. Pareciam formigas para cá e para lá porque arrombaram o estabelecimento por dois lados, pela frente e por trás e aquilo era só a acartar", descreveu o comerciante português que acredita ter sido "saqueado também pelos próprios clientes".

Polícia não efetuou detenções

Unruhen in Südafrika
Pedestres passam por carro destruído durante alegada violência xenófoba popular em Joanesburgo, África do Sul.Foto: picture-alliance/AP Photo

O supermercado do comerciante português foi o único negócio naquela zona a ser atacado por populares, sublinhou o septuagenário acrescentando que a polícia não efetuou detenções no local durante a ocorrência do incidente.  

Questionado sobre a atuação da polícia sul-africana, Ângelo Agostinho, disse que "a polícia nada fez, não deram um tiro para o ar, não fizeram nada, parece que está tudo combinado com os ladrões, parece que estavam à espera para roubar para eles também comerem, não fizeram nada e eles [polícia] a verem tudo", precisou.

Este comerciante madeirense, natural de Ponta de Delgada, imigrado na África do Sul desde 1962, estima agora em 2,5 milhões de rands o prejuízo no negócio onde além do supermercado de 1.300 metros quadrados opera também uma loja de bebidas, um Take Away e uma Taverna, no prédio do qual também é proprietário.  

A organização não-governamental Forum Português da África do Sul, com cerca de oito mil membros no país, convocou para este domingo (08.09) um encontro, em Benoni, leste de Joanesburgo, para discutir a destruição e pilhagem de negócios de comerciantes portugueses em Joanesburgo e arredores.

Portugueses assassinados na África do Sul

De acordo com esta ONG, cerca 460 portugueses foram assassinados na África do Sul desde a queda do apartheid em 1994.

Segundo as autoridades consulares portuguesas, cerca de 200 mil cidadãos encontram-se registados na África do Sul, 68 mil destes na grande Joanesburgo, mas líderes luso comunitários acreditam que os números sejam superiores.

A polícia provincial de Gauteng, envolvente a Joanesburgo, Pretória, Ekhuruleni, Kempton Park, Benoni e Germiston, epicentros de saques violentos, confirmou a morte de 11 pessoas e a pilhagem e destruição de vários negócios, na maioria de imigrantes estrangeiros.

"A polícia pode confirmar a morte de 11 homicídios durante este período dos quais sete pessoas morreram em resultado dos incidentes de violência [xenófoba]", disse no sábado o porta-voz policial Mathapelo Peters.

A polícia anunciou também a detenção de 497 pessoas desde início no passado domingo dos saques e alegada violência xenófoba na província de Gauteng, a mais populosa da África do Sul.