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Petróleo do Sudão do Sul passará por oleoduto no Quénia

26 de janeiro de 2012

O Sudão do Sul e o Quénia assinaram um acordo para a construção de uma conduta de petróleo da capital sul sudanesa, Juba, para a ilha de Lamu ao largo da costa queniana. Assim se evitará o “roubo” de petróleo por Cartum.

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O Sudão do Sul e o Quénia assinaram um acordo para a construção de um oleoduto
O Sudão do Sul e o Quénia assinaram um acordo para a construção de um oleodutoFoto: picture alliance / Tong jiang - Imaginechina

A assinatura do acordo entre Juba e Nairobi foi anunciada pelo primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, no Fórum Económico Mundial que decorre em Davos, na Suíça. Segundo informações oficiais, o oleoduto será construído pelo Sudão do Sul, que será o proprietário.

Este acordo surge numa altura em que o Sudão do Sul encerrou as condutas que transportam o crude para norte, depois de acusar Cartum de roubar mais de três milhões de barris. Numa reação inesperada, Cartum admitiu o roubo, que justificou com a necessidade de cobrir os custos da conduta até Port Sudan, o porto no Mar Vermelho de onde o petróleo é transportado para o mundo.

O especialista David Sheen, da Universidade de George Washington, nos Estados Unidos da América, explica que “o Norte está sob enorme pressão para manter o máximo das suas receitas. E o sul, como é evidente, está interessado em minimizar as despesas”. Este analista considera indispensável que os dois países se sentem à mesa das negociações “para chegar a um acordo que garanta que ambos possam beneficiar do petróleo. Sem um acordo ambos vão sofrer muito”.

Quénia é o grande beneficiário dos desentendimentos entre Sudão do Sul e do Norte

Enquanto o acordo não se materializa, é o Quénia que beneficiará com o novo oleoduto, afirma o economista queniano Robert Shaw. “O Quénia já é uma plataforma giratória para um grande número de países na África do Leste. Os benefícios económicos para o país são claros”.

Quénia é o grande beneficiário dos desentendimentos entre Sudão do Sul e do Norte
Quénia é o grande beneficiário dos desentendimentos sobre o petróleo entre Sudão do Sul e do NorteFoto: AP

Segundo Shaw, a conduta será especialmente viável se contar com o envolvimento de outros países da África do Leste e Central que exploram petróleo. Patrick Smith, editor do Africa Confidential, um boletim quinzenal de temas africanos económicos e políticos, baseado em Londres, refere a planos já existente em dois desses países. “Um dos planos prevê que o Uganda e a República Democrática do Congo se aliem ao Sudão do Sul no financiamento e na administração do oleoduto. A construção da conduta deverá custar entre três e quatro mil milhões de dólares e durar até cinco anos”.

A questão que se coloca é o que acontecerá no período que precede a construção da conduta. “Até lá o Sudão do Sul vai ficar dependente de um acordo com o Governo de Cartum para o transporte do petróleo para Port Sudan”, diz Patrick Smith, do Africa Confidential. “O petróleo é sem comparação a maior fonte de receitas do país. É muito difícil para o Sudão do Sul dizer que vai esperar até que esteja construída a conduta, dentro de três ou quatro anos”

O Sudão do Sul, que não tem acesso ao mar, não pode esperar tanto tempo para encontrar um meio de fazer chegar o seu petróleo aos mercados internacionais. Atualmente, o crude representa 98 por cento das receitas do Estado.

Autor: James Shimanyula / Cristina Krippahl
Edição: Helena Ferro de Gouveia/António Rocha