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Maputo quarto dia de manifestações ao som de panelas

Lusa
16 de novembro de 2024

Maputo foi ontem tomado pelo som de panelas a partir das 21 horas locais em resposta ao apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane, visando "fechar em grande" a primeira etapa da quarta fase das manifestações.

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Moçambique esteve ontem no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane
Moçambique esteve ontem no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio MondlaneFoto: ALFREDO ZUNIGA/AFP

Os sons das panelas, apitos e colheres tomaram várias ruas da capital moçambicana, em que milhares de manifestantes começaram a tocá-los dentro de suas residências, mas à medida que o som intensificava, iam ocupando as ruas.

Nos bairros Central, Polana Caniço,  Mafalala, Urbanização, Albazine, Mavalane, Maxaquene e Mahotas, no coração de Maputo, bem assim como Machava, Patrice Lumumba, Machava, Ndlavela, 1.º de maio e T-3 na província de Maputo, foram ocupadas por manifestantes chegando a condicionar o trânsito nas principais vias, com a queima de pneus.

Comissão Nacional de Eleições (CNE)

Imagens a que a Lusa teve acesso indicam que, para além colheres, panelas paus, tambores e buzinas de carros que se juntaram aos protestos, os manifestantes aparecem e vários vídeos empunhando dísticos com escritos como "Este país é nosso', 'Salve Moçambique' e 'Queremos justiça'", em protestos contra os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Venâncio Mondlane apelou esta sexta-feira a uma manifestação com recurso a "panelas e apitos" a partir das 21 horas locais, referindo que a ação visa "fechar em grande" a primeira etapa da terceira fase das manifestações e paralisações.

"A partir das 21 horas todo o país, todas as cidades, postos administrativos, localidades, bairros, ruas vamos todos começar a bater as panelas onde estivermos, tocar apitos, tocar a buzina dos carros, cantar. O importante é que haja barulho em todo o país", pediu durante uma live na sua página do Facebook.

Um manifestante reage junto a uma barricada em chamas durante uma "paralisação nacional" contra o resultado das eleições, no bairro Luis Cabral em Maputo, Moçambique
Um manifestante reage junto a uma barricada em chamas durante uma “paralisação nacional” contra o resultado das eleições, no bairro Luis Cabral em Maputo, MoçambiqueFoto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Violência

Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 16 foram baleadas desde quarta-feira em três províncias moçambicanas nas manifestações de contestação de resultados das eleições, revelou hoje a plataforma eleitoral Decide.

Moçambique esteve ontem no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.

Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.