Mortalidade Infantil nos PALOP
13 de setembro de 2012Apesar da redução geral no número de mortes de crianças antes dos 5 anos de idade, a África Subsaariana continua com os piores índices de mortalidade infantil no mundo. E os países de língua portuguesa, com exceção de Cabo Verde, aparecem na lista do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com as 30 piores taxas de 2011.
De acordo com o relatório da UNICEF intitulado "Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma promessa Renovada", a Guiné-Bissau é o sétimo país mais mal classificado. De cada mil nados vivos, 161 morrem antes de completar 5 anos, 24% menos que em 1990, ano inicial de análise da UNICEF.
Angola reduz, mas persiste o drama
Em seguida, Angola demonstra o oitavo pior índice com 158 mortes por mil nascidos, embora tenha conseguido reduzir a taxa de mortalidade em 35% no mesmo período. Para o chefe de programa de desenvolvimento da criança da UNICEF em Angola, Brandão Co, já é possível comemorar os avanços.
Ele explica que a maioria das doenças, como o paludismo, diarreias, e doenças respiratórias, pode ser tratada nesse nível periférico, uma vez que existem postos de saúde. Brandão Co defende que o país tem trabalhado em duas frentes para enfrentar o problema: "Tem de se tornal acessível o tratamento e aumentar a cobertura. Refiro-me ao serviço de imunização, através da vitamica C, redes mosquiteiras impregndas."
Bons resultados para Moçambique
Entre os países com piores índices, Moçambique foi um dos que mais conseguiram diminuir a mortalidade infantil entre 1990 e 2011, com uma redução de 54%. Ocupando vigésimo segundo lugar no ranking, o país registrou 103 mortes para cada mil nados vivos no ano passado. São Tomé e Príncipe aparece em vigésimo oitavo lugar, com 89 mortes para cada mil nascimentos. Por outro lado, o país teve uma baixa variação desde 1990, reduzindo a mortalidade infantil em somente 8%.
Emanuele Capobianco, chefe de saúde e nutrição da criança na UNICEF em Moçambique prevê momentos bons para o país: "Há novas iniciativas que vão trazer um impacto enorme. No próximo ano Moçambique vai introduzir a nova vacina contra o agente causador da pneumonia, e assim tem potencial para salvar muitas vidas."
Cabo Verde, por sua vez, registrou vinte e uma mortes para cada mil nascimentos em 2011. Na lista de 195 países avaliados pela UNICEF, ocupa o lugar de número 91. Além disso, o arquipélago conseguiu uma das maiores reduções no período, de 63%.
Timor Leste, o grande exemplo no mundo
Entre os outros países de língua portuguesa, Timor Leste recuou 70% e alcançou a posição de número 51, com 54 mortes registradas. No Brasil, entre mil nascidos vivos, 16 morreram antes dos 5 anos – número 73% menor que em 1990. Já Portugal tem o nono melhor índice, com apenas três mortes para cada mil nascidos e uma redução de 78%.
O relatório deste organismo também aponta que 40% das mortes infantis ocorrem no primeiro mês de vida. Entre as crianças que sobrevivem a esse período, as principais causas são doenças infeciosas como pneumonia, diarreia e malária.
As doenças infeciosas ainda são as principais causas de morte
Ainda segundo Brandão Co, da UNICEF em Angola, é preciso conscientizar as famílias para prevenir as doenças: "Elas tem de saber sobre a amamentação, como usar as redes mosquiteiras, como tratar da água para o consumo. Portanto este nível comunitário também é importante, através da educação, para aumentar a competência ao nível das famílias."
A causa do elevado índice de mortalidade em criancas até os cinco anos de idade são principalmente as doenças infeciosas, como por exemplo, diarreias, malária e HIV-SIDA, com 64%. Já em recém-nascidos as complicações durante o parto são a principal causa da morte, com 40%.
Em um total, de acordo com a UNICEF, a mortalidade de menores de 5 anos caiu de 12 milhões em 1990 para 6,9 milhões em 2011. Mesmo assim, a organização alerta que 19 mil crianças ainda morrem diariamente no mundo.
Autora: Patrícia Alvares
Edição: Nádia Issufo / António Rocha