Manifestantes voltam às ruas no Marrocos
14 de setembro de 2011No último fim de semana, milhares de pessoas voltaram a participar em manifestações pacíficas em Casablanca, Rabat e Tanger, seguindo um apelo do chamado "Movimento 20 de Fevereiro", que quer mudanças políticas e mais justiça social no Marrocos.
Para os jovens militantes do movimento, segundo informações da agência noticiosa France Presse, os protestos são considerados o início de um novo ano letivo político e social. Ainda de acordo com a AFP, no entanto, não foram tantos os manifestantes que responderam ao apelo do movimento.
Em Casablanca, os manifestantes escolheram pela primeira vez ir ao bairro popular de Sidi Moumen, de onde eram oriundos os autores dos atentados de Casablanca, em Maio de 2003. Os ataques mataram 45 pessoas, incluindo 12 kamikazes.
Protestos deverão continuar
Um dos porta-vozes do chamado “Movimento 20 de Fevereiro”, Nagib Shauki, afirmou à Deutsche Welle que os protestos deverão continuar até que as reivindicações sejam atendidas: "O Estado ainda não ouviu as nossas exigências. Queremos uma Constituição democrática e a dissolução do governo e do parlamento."
O "Movimento 20 de Fevereiro" quer que seja criada uma Justiça independente e por isso, Nagib Shauki diz: " Estamos a protestar também para mostrar que as manifestações não podem ser paradas“.
Os manifestantes também criticam a corrupção no Marrocos. Outro problema é o alto custo de vida, que vai ao encontro das exigências por reformas sociais. Nagib Shauki explica que o seu Movimento pretende: "depois de acabar com as demoras na política e com os regimes déspotas... Agora queremos acabar com a corrupção“.
Presos políticos no Marrocos
O movimento também quer a libertação de presos políticos. Nascido após o início das revoltas no mundo árabe, nomeadamente na Tunísia e no Egito, no começo deste ano, o "Movimento 20 de Fevereiro" inclui membros do grupo islâmico Justiça e Benevolência. O governo acusa esse grupo de manipular o movimento porque ele consegue mobilizar militantes nos bairros populares por causa da ação social. Integram ainda o movimento uma associação ilegal, mas tolerada, além dos chamados ciber-militantes independentes e militantes de extrema esquerda.
Autora: Miriam Addou/Renate Krieger
Edição: Nádia Issufo/António Rocha