Onda revolucionária no norte de África alastra-se a Marrocos
9 de junho de 2011Milhares de manifestantes na capital marroquina, Rabat, andam quase diáriamente pelas ruas da cidade exigindo liberdade e dignidade. São principalmente os jovens que saem às ruas marroquinas desde fevereiro. Pessoas entre os 20 e 30 anos, qualificadas e desempregadas. Na semana passada a polícia voltou a reprimir as manifestações com violência. A explicação oficial: Os protestos não são autorizados e levam a um transtorno da ordem pública.
Aba Dila não se importa. Ele é um dos líderes do movimento de reforma conhecido como "20 de fevereiro" e diz que a liberdade de reunião é um direito humano. Palavras de Aba Dila:
"Se eles nos perseguirem pelas ruas, nós vamos aos jornais. Se eles nos expulsarem dos jornais, nós vamos para a internet. E se não for mais possível, nós nos reuniremos nos cafés. Seguiremos sempre em frente, de forma pacífica. Nós nunca usaremos a violência. Nós não queremos depor ninguém, não se trata disso!"
Queda do Rei não é o objetivo
Essa é exatamente a diferença dos movimentos no Egito, Tunísia, Jemen e Síria. O movimento no Marrocos não é contra o todo-poderoso chefe de Estado, o Rei Mohammed VI. Ele é também o líder religioso do país e adorado por muitos marroquinos – ao contrário de seus conselheiros que manifestantes acusam de explorar seus altos cargos a fim de enriquecerem ilicitamente.
Jovens exigem "justiça, transparência e dignidade"
São essas as palavras de ordem do movimento. Os manifestantes pedem que o rei se afaste da economia, combata decisivamente a corrupção e fortaleça o parlamento. Em março o rei reagiu à pressão dos protestos convocou uma comissão constitucional. Ela tem a tarefa de elaborar uma nova e democrática constituição. Nos próximos dias o documento deve ser apresentado, e mais tarde, votado pelo povo.
Autora: Francis França / António Cascais
Revisão: António Rocha