Este ano não está previsto um aumento de salários em Angola
12 de julho de 2016A subida dos preços é constante, tanto nos mercados informais como nos formais. Ainda assim, o Governo angolano diz que não há meios para um reajuste salarial dos trabalhadores, que continuam a queixar-se da crise e da baixa remuneração.
Muitos funcionários dizem que os salários ficam muito pouco tempo nas suas contas por causa dos preços altos dos produtos, principalmente os bens alimentares.
Anselmo Kuto, que trabalha como técnico de climatização numa universidade angolana, insiste num reajuste face ao atual momento que se vive em Angola: "O aumento do salário já devia ter acontecido há muito tempo. No meu ponto de vista, a decisão do Governo é uma decisão egoísta".
Manuel Cassinda, que trabalha na área de jardinagem, também ficou irritado com o anúncio recente do ministro das Finanças, Armando Manuel, de que não haverá um acréscimo nos vencimentos: "No meu ponto de vista, o Governo tem de aumentar o salário dos funcionários devido à inflação que o país regista".
Para o cinegrafista Evandro Ferreira, se houver um reajuste salarial, muitas empresas poderão despedir alguns funcionários, porque as organizações também estão com dificuldades.
Evando Ferreira considera "até que a decisão do Governo faz um pouco de sentido porque, neste momento de crise, as coisas estão mesmo difíceis".
"Há algumas empresas a reduzirem o pessoal [e perguntam:] você, funcionário, prefere ser demitido ou continuar na empresa a receber o valor de 60 mil kwanzas, por exemplo? De preferência, continuar a trabalhar do que ser demitido - esta é a minha opinião. Neste momento não adianta pensarmos em ter aumento no salário".
População quer que Governo reduza os preços
Apesar de divergirem sobre a questão dos vencimentos, Anselmo Kuto e Evandro Ferreira sugerem que o Governo reduza alguns preços dos produtos, para que estejam de acordo com o bolso do trabalhador.
Anselmo Kuto faz contas à vida: "Nós, os cidadãos de camada baixa, que ganhamos 30 mil kwanzas [162 euros] por mês, não conseguimos fazer nada com este valor. O saco de arroz está a 10 mil kwanzas [54 euros], a caixa de óleo está a nove mil [48 euros] e ainda temos de pagar o colégio das crianças no valor de sete mil [37 euros]".
Já Evandro Ferreira considera que "o Governo devia equilibrar um pouco os preços dos produtos para que os trabalhadores não fiquem sem dinheiro para pagar o táxi a meio do mês. É complicado o salário do trabalhador acabar antes ou mesmo no dia 15, e o mesmo não ter mais como suportar as despesas"
A DW África contactou o responsável da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) em Luanda, que se recusou a falar sobre o assunto.