Juan Guaidó: "O tempo está a esgotar-se para Maduro"
13 de fevereiro de 2019O autoproclamado Presidente interino considera que é impossível parar a transição democrática pacífica na Venezuela, "para o bem da população." Em entrevista à DW, em Caracas, Juan Guaidó diz que "o tempo está a esgotar-se para o regime de Nicolás Maduro", no poder desde 2013.
"É um regime que não tem futuro, porque não tem o apoio da população, não tem rumo, não protege o povo. Contra um movimento popular que cresce, continua mobilizado e ganha apoio internacional, e que apresenta planos para estabilizar a Venezuela", argumenta.
"O que começou no país é imparável. Eles podem continuar a fazer a única coisa que sabem fazer, que é repressão, tortura, perseguição ou simplesmente roubar dinheiro à Venezuela", afirma Juan Guaidó, 35 anos, que se autoproclamou Presidente interino no final de janeiro.
Apelo ao apoio do Exército
O líder da oposição prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Os Estados Unidos apoiaram-no de imediato, tal como a maioria dos países da União Europeia (UE). Nicolás Maduro fala numa tentativa de golpe de Estado liderada pelos norte-americanos.
A repressão dos protestos contra o Governo já fez pelo menos 40 mortos, segundo números de organizações não-governamentais. Na entrevista à DW, Guaidó volta a pedir ao Exército para o apoiar.
"Apelaremos sempre à consciência das Forças Armadas, que se coloquem do lado da Constituição. Temos sido muito claros com as Forças Armadas, que devem permitir a entrada de ajuda humanitária. Quem não o fizer será julgado por crimes contra os direitos humanos", avisa.
"Genocídio silencioso"
Na Venezuela continua a faltar comida e medicamentos e há cada vez mais insegurança. Juan Guaidó considera que se pode falar de "um genocídio silencioso na Venezuela, quando centenas de milhares de pessoas morrem por falta de comida."
O líder da oposição acusa o regime de Maduro de não proteger o direito à vida. "É responsável, de forma direta, por mortes - como no caso das forças especiais, que mataram mais de 70 pessoas em protestos - e, de forma indireta, porque não fazem nada para resolver a falta de comida e medicamentos e a insegurança, que faz de Caracas a capital mais violenta do planeta", critica.
O autoproclamado Presidente interino da Venezuela confirmou ainda à DW que já chegou ao país alguma ajuda humanitária, que foi distribuída na segunda-feira (11.02). "Conseguimos entregar 4.500 suplementos nutricionais para mães em período de gestação e em estado de desnutrição - para salvar vidas por nascer - e quase 85 mil suplementos nutricionais para jovens ou crianças e bebés com desnutrição."