Imprensa alemã sobre ébola
15 de agosto de 2014
"A saúde pública está em risco" - é este o título de um artigo publicado no diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, em que se critica de forma explícita o papel pouco determinante da Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate ao vírus do ébola, que se espalha pelo ocidente do continente africano. Citamos: "Há uns meses, quando o problema do ébola ainda não era grande, a OMS anunciou que levaria a sério o perigo e que iria tomar medidas drásticas com vista à erradicação do vírus. O grande objetivo era evitar uma epidemia. Agora a epidemia é uma realidade e a OMS continua com o mesmo discurso. Para quando as medidas concretas?"
Novo medicamento experimental vai ser distribuído
O mesmo jornal - Frankfurter Allgemeine Zeitung - publica outro artigo sobre um medicamento experimental contra o ébola, denominado "ZMapp", mas que ainda não foi devidamente testado. Citamos: "A OMS já anunciou que é favorável à distribuição deste produto, que até à data fora apenas testado - com algum êxito, diga-se - em macacos infetados com o vírus. É um risco empregá-lo em seres humanos, mas - tendo em conta o elevado número de mortos - há que dizer que a medida da OMS pode apontar na direção certa".
O Süddeutsche Zeitung publica uma reportagem feita em Meliandou, uma localidade no sudoeste da Guiné-Conacri. A repórter afirma que aliás pessoas continuam a ter comportamentos de risco suscetíveis de acelerarem propagação do vírus. Citamos: "Um desses comportamentos é o facto das pessoas continuarem a comer carne de morcego e essa carne devia ser banida da dieta das pessoas, porque pode torná-las doentes".
Especialista: contacto direto com cádaveres deve ser evitado
O jornal die Tageszeitung também refere que algumas tradições africanas podem ser propícias à propagação do vírus do ébola. O jornal cita o médico Matthias Borchert de Berlim, que se debruçou sobre as possibilidades de evitar a infeção com o vírus. Ele diz: nos países africanos, com destaque para a Guiné-Conacri, os familiares dos mortos insistem que querem ver os corpos dos defuntos. Ora ver os corpos, dançar e cantar é possível. O que se deveria evitar é o contacto direto com os cadáveres.
República Centro-Africana: novo Primeiro Ministro é contestado
Vamos à República Centro-Africana, que vai ter um novo chefe de governo: Mahamat Kamoun, um representante dos muçulmanos. O die Tageszeitung comenta: "O novo primeiro ministro não é aceite pelos rebeldes muçulmanos, pelos homens das milícias Séléka. Ele é visto como representante da casta corrupta que ajudou a levar o país ao abismo. A presidente de transição Catherine Samba-Panza nomeou-o, com o intuito de integrar representantes das minorias e até mesmo das milícias armadas.
O Frankfurter Allgemeine Zeitung lembra que o conflito na República Centro-Africana é de difícil resolução. Citamos: "Todos são vítimas, todos são responsáveis por atrocidades. As mílícias muçulmanas Séléka instalaram, onde conseguiram, regimes de terror. A maioria cristã reagiu com muita violência, perpetrada pelas suas milícias armadas denominadas "anti-balaka".
Sudão do Sul: paz continua a ser uma miragem
No Sudão do Sul a esperança de paz diminui cada dia que passa. O diário Berliner Zeitung lembra que a guerra civil continua a ser uma realidade, três anos depois da independência que trouxera tanta esperança; uma esperança agora defraudada. A guerra entre os apoiantes de Salva Kiir e Riek Machar continua e a população é que sofre. Uma crise alimentar ameaça o jovem país.
Líbia: refugiados estrangeiros nas milícias
A situação é caótica também na Líbia, lembra o Der Tagesspiegel. Citamos: "Milícias líbias recorrerem aos serviços de mercenários estrangeiros, sobretudo de refugiados oriundos da Eritreia, Somália, Etiópia, Mali ou Sudão do Sul. Estes refugiados por vezes são forçados a integrarem as milícias e são sempre colocados nas linhas da frente, pondo-se assim as suas vidas em perigo. A ONG italiana Habeshia enviou uma carta ao Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, apelando: "Ajudem esses refugiados que são forçados a participar numa guerra que não é deles."