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Guiné-Bissau: Sissoco Embaló faz balanço positivo de 2022

Iancuba Dansó (Bissau)
4 de janeiro de 2023

Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, enalteceu "vários ganhos" do país a nível internacional em 2022. Analista político contraria balanço e acusa o chefe de Estado de "prepotência".

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Umaro Sissoco Embaló
Foto: Iancuba Dansó/DW

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, considerou positivo o ano 2022, destacando vários feitos - seus e do seu Governo - a nível político e diplomático, bem como as construções, ainda em curso, das infraestruturas rodoviárias em Bissau e em algumas áreas do interior do país. 

Embaló, que lembrou ser o primeiro Presidente guineense a assumir a presidência da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), disse que, hoje, a Guiné-Bissau está mais presente no Concerto das Nações e é mais respeitada a nível internacional. 

Para o novo ano, Umaro Sissoco Embaló deixou a promessa de mais investimentos, principalmente nos setores da educação e da saúde:

"Estamos a fazer um hospital de referência este ano, em Bissau, todo equipado e financiado pelos Emirados Árabes Unidos. A Argélia também já mandou a equipa para cá e haverá um hospital de referência em Gabú e um Liceu Provincial em Bafatá [no leste do país]," garantiu.

Muitos poderes

O chefe de Estado guineense disponibilizou-se cerca de três horas para responder as questões dos jornalistas. E quando questionado sobre a proposta da Constituição da República que mandou fazer e que foi rejeitada pela Assembleia Nacional Popular (ANP), Sissoco Embaló disse que se sente confortável com a atual lei magna do país.

"Na proposta da revisão constitucional que mandei fazer, havia duas coisas importantes que eu entendia que devíamos colocar: Que houvesse um Tribunal Constitucional [que não existe no país] e um Conselho Económico, Social e Ambiental, porque esta Constituição da República que vigora cá me dá poderes mais do que já tenho," relatou.

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Palácio da República, em BisssauFoto: DW/B. Darame

Raptos e espancamentos

Desde que Embaló assumiu a Presidência da República, em 2020, o país registou vários casos de raptos e espancamentos - o último deles, o de um comerciante do Mercado Central de Bissau. Mas o Presidente guineense, depois de condenar os atos, tentou justificar:

"São casos isolados, existem nos Estados Unidos de América e são ajustes de contas que se fazem. Infelizmente existem em todas as partes do mundo, mas nós é que os consideramos casos relevantes. Vimos aqui pessoas que foram matar o [ex-]Presidente em sua casa e até agora ninguém sabe quem foi. Pessoas atacaram-me no dia 1 de fevereiro [de 2022] e 12 pessoas foram mortas. Se isso aconteceu no país, o que mais não podemos esperar?"

Embaló promete permanecer confrontativo e diz que não fará nenhum esforço para mudar a sua forma de ser.

Novo mandato presidencial

O chefe de Estado guineense respondeu ainda à questão sobre uma eventual recandidatura ao segundo mandato, em 2025.

"O segundo mandato ainda não é prioridade para mim. Ouvi gente a falar dele, mas tenho outras ambições e saberão qual é a minha agenda. Só peço à nossa geração que, seria bom que quando eu sair daqui, não seja uma pessoa de 60 ou 70 anos a ocupar essa cadeira. Que seja uma pessoa mais nova que eu".

Ouvido pela DW África, o analista político Fransual Dias considera negativo o ano 2022 e o papel de Umaro Sissoco Embaló nesse período:

"[Em 2022,] subiu o nível de divisão social e política no nosso país, fomentado particularmente pelo próprio Presidente da República, que decidiu assumir, ao longo do seu mandato, uma atitude de prepotência e de asfixia Económica como mecanismo para o controlo da sociedade e das pessoas," avaliou.

Reflexões Africanas: As ameaças à democracia da Guiné-Bissau