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Gana: Luta contra o abandono de crianças com paralisia

Isaac Kaledzi | tm
2 de novembro de 2016

Uma em cada 300 crianças no Gana nasce com paralisia cerebral, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Profissionais do setor e pais das crianças querem que o Governo invista em cuidados e consciencialização.

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Afrika Ghana Gesundheitsversorgung
Ministério da Saúde, em AcraFoto: DW

Em Acra, capital do Gana, a jornalista Hannah Awadzi agora está feliz, mas há alguns meses atrás estava com uma depressão. "Eu tenho uma filha com paralisia cerebral. No começo isto foi mesmo difícil de aceitar", conta. Era difícil porque via as outras crianças a caminhar e a dela não.

A paralisia cerebral está a preocupar cada vez mais os profissionais de saúde, pois muitos bebés que sofrem deste mal são abandonadas pelos próprios pais. Por isso, esses profissionais e a sociedade civil querem a criação de um fundo governamental para consciencializar a população para a doença, em especial os pais de crianças com a paralisia.

Causas da paralisia cerebral

A paralisia cerebral é o desenvolvimento anormal do cérebro e ocorre quando o organismo da criança ainda está em formação, o que pode ser no ventre da mãe, durante o parto ou logo após o nascimento. "Durante a gravidez, o cérebro está em desenvolvimento. Qualquer malformação durante a gestação poderá comprometer a parte do cérebro que controla o movimento", explica a médica pediatra Genevieve Insadoo, do Hospital Universitário Korle Bu, em Acra.

Paralisia Cerebral - Crianças Gana - MP3-Stereo

Assim, acrescenta, qualquer malformação congénita pode resultar em paralisia cerebral. "Infecções que as mães adquirem durante a gravidez podem afetar o bebé. Às vezes, se houver atraso no processo de nascimento, pode haver um corte no fornecimento de sangue para o cérebro, o que também poderá levar à paralisia cerebral", explica Genevieve Insadoo.

Uma vez que não há cura para esta doença, a pediatra diz-se preocupada com as implicações que poderá ter no dia a dia das crianças. "Não é uma doença transmissível, não se pode contraí-la de outra pessoa, uma vez que é o cérebro que é prejudicado. Temos um sistema de apoio, há medicamentos e existem terapias que podem ser oferecidas, mas, por enquanto, não há cura".

Cuidados e consciencialização  

A médica afirma que o Governo precisa investir mais nos cuidados necessários para as crianças portadoras de paralisia cerebral. Segundo Genevieve Insadoo, não existe no país nenhum hospital ou escola, por exemplo, com profissionais ou infraestrutura preparados para atender os pequenos e o pais, "que precisam de informação", argumenta.

Para além de buscar os cuidados necessários para a filha, a jornalista Hannah Awadzi também está a promover uma campanha para lutar pelos direitos das crianças com paralisia cerebral no Gana. Ela pretende que o Governo dê o devido apoio aos pais por causa do estigma social que os seus filhos têm de enfrentar.

"Vejo a felicidade dos pais quando eles percebem que existe alguém a lutar pelos seus filhos. Temos imensos desafios para consciensalizar a sociedade. Até mesmo as pessoas com mais formação mantêm suas crianças com paralisia ceberal trancadas em casa. Na zona rural, isto é ainda pior. Muitos abandonam os seus filhos, desistem de criá-los”, lamenta Awadzi.

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